Sociedade

Reino Unido em negociações avançadas com Bruxelas para adotar o passaporte covid

Reino Unido em negociações avançadas com Bruxelas para adotar o passaporte covid
LUÍS FORRA

Já fora da UE, os ingleses querem ser reconhecidos no passaporte verde europeu, que permite aos que estão totalmente vacinados poderem viajar sem terem de fazer quarentenas - numa altura em que vários países, incluindo Portugal, colocam o Reino Unido na lista vermelha e a Alemanha está a fazer pressão para o resto da Europa não aceitar britânicos de forma a evitar a propagação da variante Delta

O Reino Unido está em vias de fechar um acordo com Bruxelas com vista a adotar o certificado europeu de viagens, mesmo já não sendo um país da União Europeia (UE), e para permitir maior liberdade de deslocação em férias aos seus cidadãos totalmente vacinados contra a covid, mas também os que tenham feito teste 72 horas antes ou que tenham recuperado da doença à luz dos critérios do chamado passaporte verde, segundo avança o jornal The Guardian.

As restrições às viagens acabaram por se tornar mais rígidas do que se previa neste início de verão, devido ao impacto da variante Delta, que é muito mais contagiosa - e está por isso a gerar um novo aumento de casos no Reino Unido e em vários outros países, incluindo Portugal. O Reino Unido tem neste campo do turismo um claro destaque por se tratar de um dos maiores mercados emissores de turistas - que são cobiçados por todos os países na Europa que são destinos de verão.

O passaporte verde de viagens foi criado em tempo recorde pela UE e envolvendo um enorme esforço legislativo, com vista a facilitar as deslocações de cidadãos europeus imunizados por via de vacina, teste ou recuperação. O principal objetivo do certificado europeu era criar um instrumento único e evitar regras avulsas que os vários países foram praticando ao longo da pandemia, designadamente ao nível de obrigatoriedade de quarentenas ou de apresentação de testes.

Mas o certificado europeu foi pensado antes de surgirem as novas variantes do vírus, que obrigaram a retrocessos em vários países. O objetivo era 'salvar o verão', com as pessoas a poderem fazer viagens sem restrições, já que alegadamente estavam salvaguardadas por critérios considerados 'seguros', nomeadamente a toma das duas doses de vacina.

O passaporte covid acabou por ser uma realidade no final de junho, já um pouco em contraciclo e com vários países fustigados por uma inesperada quarta vaga do surto, que acabou por impor ainda mais restrições às viagens, em vez de estas ficarem liberalizadas.

Também Portugal pôs o Reino Unido na lista vermelha

Para os ingleses que tomaram as duas doses completas de vacina contra a covid o passaporte verde criado pela União Europeia representa uma forte esperança de poderem voltar a viajar livremente, razão pela qual o Reino Unido está quase a finalizar o acordo com Bruxelas com vista participar neste certificado digital, segundo aponta o The Guardian.

Também Portugal colocou o Reino Unido na lista vermelha na semana passada, obrigando os britânicos a cumprir uma quarentena de 14 dias ao chegar ao país, excetuando os que apresentarem comprovativo de estarem totalmente vacinados. O destaque vai para a Alemanha, que está a fazer uma forte pressão junto de outros países europeus no sentido de não receberem turistas britânicos, com vista a evitar uma maior propagação da variante delta.

Enquanto os britânicos não forem reconhecidos ao nível do passaporte europeu, que lhes permite um comprovativo facilitado para deslocações de férias, as regras avulsas continuam a multiplicar-se. Pedro Sánchez, primeiro-ministro-espanhol, anunciou que os britânicos que viajam para as Ilhas Baleares, um popular destino de verão, podem apresentar teste PCR negativo ou comprovativo de estarem totalmente vacinados para evitar a necessidade de quarentena - e no seu Governo começam a crescer as vozes defendendo que esta medida se deve aplicar a Espanha como um todo. As Baleares são um dos destinos onde o Reino Unido criou corredor verde a partir de 1 de julho, o que também é o caso da Madeira.

Segundo avançou um porta-voz da Comissão Europeia ao The Guardian, "existem conversações em curso a nível técnico que estão a progredir bem" com vista ao Reino Unido ser reconhecido em termos do passaporte covid, mas frisou que "é bom que o Reino Unido trabalhe agora connosco para atingir esse objetivo". Mas o Governo do Reino Unido também teme que se esteja a criar um sistema discriminatório e com desvantagem para os não foram vacinados, segundo fonte contactada pelo jornal, que também alerta que a Alemanha se prepara para endurecer a sua política de viagens em relação aos britânicos.

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