Sociedade

Trabalhadores de casinos acham “absurdo” fechar só a zona de jogo para conter a covid e querem ser compensados financeiramente

Trabalhadores de casinos acham “absurdo” fechar só a zona de jogo para conter a covid e querem ser compensados financeiramente
José Fernandes
Governo decidiu encerrar as salas de jogo nos casinos da região de Lisboa e Vale do Tejo e Vilamoura para conter a pandemia, mantendo abertas as áreas de restauração e de espetáculos. Os croupiers contestam, considerando discriminatório que "umas zonas sejam consideradas mais infetadas que outras"

A decisão do Governo de encerrar as salas de jogo dos casinos na região de Lisboa e em Vilamoura, como medida para conter a propagação da pandemia, é considerada "discriminatória" pelos trabalhadores, alegando ser "absurdo" que apenas uma das zonas dos edifícios seja encerrada, uma vez que os restaurantes e os espetáculos se mantêm a funcionar.

"Parece-nos demasiado estranho que a contenção da pandemia apenas contemple uma classe de trabalhadores - os profissionais ligados ao jogo", e que "continue a ser permitido o funcionamento de outras áreas dos casinos, nomeadamente a restauração e as zonas de espetáculos", aponta o Sindicato dos Empregados de Banca dos Casinos (SEBC).

Para o SEBC, além desta ser uma "situação absurda", também é uma "medida discriminatória que priva os trabalhadores ligados ao jogo do seu rendimento", tendo em conta que a sua remuneração é composta em grande parte por gratificações. Assim, reclamam uma "compensação financeira" por este período em que não podem exercer atividade.

Os trabalhadores dos Casinos Estoril e de Lisboa já tinham anunciado este sábado que vão realizar uma manifestação junto à Assembleia da República, contestando a decisão do Governo de encerrar estes espaços, devido à situação pandémica nos concelhos de Lisboa e Cascais.

A Comissão Unitária Trabalhadores Estoril-Sol adianta que a manifestação será realizada em data a anunciar, e classifica a deliberação do Governo de "discriminatória".

"Esta decisão governamental é altamente discriminatória para uma atividade que cumpre todas as normas sanitárias impostas pela Direção Geral da Saúde e revela um preconceito em relação às centenas dos seus trabalhadores", apontam.

Lembrando que, desde o início da pandemia, os Casinos da Estoril Sol já estiveram encerrados mais de 200 dias, dizem ainda que todos os constrangimentos que se têm verificado "colocam em causa a sustentabilidade da empresa, "com as naturais consequências negativas para os seus trabalhadores".

Estoril-Sol diz que a decisão do Governo é "surpreendente", com o concelho a manter a fase de desconfinamento

Na segunda-feira, quando ainda se desconhecia a decisão relativamente ao concelho de Cascais, a Estoril Sol já tinha considerado "algo surpreendente" a decisão do Governo de encerrar a atividade de jogo em Lisboa, numa altura que foi decidido que o concelho "se manteria na mesma fase de desconfinamento".

"Ao contrário da maioria das empresas que mantém o funcionamento das suas atividades, a Estoril Sol vê-se obrigada a encerrar o Casino Lisboa, não obstante cumprir um rigoroso protocolo que inclui todas as normas e recomendações da Direção Geral da Saúde (DGS) e que se tem distinguido pela máxima proteção da saúde, segurança e bem-estar de todos os seus clientes e colaboradores", alegou a empresa.

A Estoril-Sol destacou ainda que os seus casinos "foram distinguidos com o certificado 'Clean & Safe' do Turismo de Portugal", tendo os casinos Estoril e de Lisboa aderido ao selo de confiança 'Covid Out - Clean Surfaces Safe Places', emitido pelo ISQ, "o qual garante que foi avaliada a eficácia das medidas implementadas e assegura que os locais estão seguros".

O presidente da Associação Portuguesa dos Empregados de Banca de Casinos (APEBC) criticou a decisão do Governo que levou ao encerramento da atividade de jogo em Lisboa, acusando o Estado de "preconceito" em relação ao sector.

"Grande parte dos rendimentos dos trabalhadores, neste caso, do Casino de Lisboa, 50% ou mais, são dados pelas gratificações do jogo", disse Gonçalo Portela, recordando que a profissão é das poucas "que pagam uma taxa liberatória ao Estado", ou seja, "há impostos pagos sobre estas gratificações".

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