Hub Criativo do Beato cria laboratório vivo para a sustentabilidade ambiental das empresas de Lisboa

Projeto localizado nos 18 edifícios do complexo fabril da antiga Manutenção Militar, em Lisboa, vai ser um espaço de demonstração em grande escala
Projeto localizado nos 18 edifícios do complexo fabril da antiga Manutenção Militar, em Lisboa, vai ser um espaço de demonstração em grande escala
Jornalista
Chama-se Hub Criativo do Beato Living Lab, e é uma iniciativa lançada nesta quinta-feira à tarde em Lisboa, que pretende desenvolver novas tecnologias e serviços para promover a sustentabilidade e a transformação urbana do grande projeto da Startup Lisboa, localizado nas instalações industriais da antiga Manutenção Militar, na zona oriental de Lisboa.
O objetivo é contribuir com boas práticas para a mitigação do impacto das alterações climáticas e fazer do Hub Criativo do Beato (HCB) um espaço inteligente de demonstração em grande escala, onde se espera que as ações, soluções e serviços implantados demonstrem o potencial de replicação na prática e num ambiente urbano real. As operações previstas pretendem beneficiar as entidades e a comunidade do HCB, as comunidades locais, científicas e empreendedoras, bem como informar as políticas públicas locais. Por isso, serão concretizadas nove ações no HCB:
- Constituição de uma Comunidade de Energia Inteligente, que vai juntar produtores-consumidores, consumidores e meios de armazenamento de eletricidade, demonstrando um conceito avançado de comunidade de energia renovável baseada na energia solar.
- Instalação de um sistema de iluminação pública inteligente a partir do sistema de iluminação de exterior LED já instalado no HCB, a que serão acoplados vários sensores que irão permitir uma gestão avançada do sistema de iluminação e uma redução do consumo energético.
- Criação de espaços para agricultura urbana na cobertura de 2000 m2 da Factory Lisbon, o maior edifício do HCB, onde será instalada uma horta com objetivos de investigação, demonstração de viabilidade de produção e envolvimento da comunidade. Uma das empresas-âncora da Factory Lisbon é a Mercedes-Benz.io, o maior centro digital da Mercedes a nível mundial, onde vão trabalhar mais 300 pessoas.
- Redução de emissões nos transportes públicos com o Beato BioBus, iniciativa que utiliza óleos alimentares usados recolhidos no HCB e na comunidade local para produção de biodiesel, que depois será consumido por autocarros que irão servir o HCB.
- Desenvolvimento de um Sistema Alimentar Circular, que promova a economia circular na cadeia alimentar do HCB, com o desenvolvimento de uma ferramenta de fluxos de materiais associados à rede de restaurantes, para avaliar estratégias de cadeia curta com diferentes âmbitos territoriais e de fecho de ciclo.
- Programa de Aceleração CleanTech, para promover e apoiar a criação de produtos e serviços inovadores dedicados às tecnologias limpas.
- Plataforma HCB i-Management, uma plataforma de gestão inteligente que junta informação proveniente das diferentes operações, permitindo a análise e monitorização dos principais indicadores de desempenho do projeto, reforçando a concretização da estratégia de cidade inteligente do HCB e permitindo o desenvolvimento de conhecimento científico e analítico para uma gestão avançada da cidade de Lisboa.
- Sistema de Sensorização e Carregamento HCB, uma infraestrutura de postes equipados com sensores de ocupação e ambientais, sistemas de som e de TV em circuito fechado e carregamento de veículos elétricos de mobilidade suave, complementada por uma estação meteorológica de referência e sensores de radiação instalados nas coberturas de edifícios selecionados.
- Criação do Laboratório de Dados HCB, como núcleo do Laboratório de Dados Urbanos da Câmara Municipal de Lisboa (LxDataLab), dedicado aos desafios lançados à comunidade científica internacional nas áreas prioritárias de atividade do HCB.
“Queremos transformar o HCB num ‘smart campus’ de excelência e contribuir para a melhoria da sustentabilidade ambiental do projeto a partir das operações inovadoras que estamos hoje a lançar”, afirma Miguel Fontes, diretor executivo da Startup Lisboa. “E através deste laboratório-vivo, esperamos também motivar o ecossistema empresarial de Lisboa a integrar soluções sustentáveis na criação e desenvolvimento dos seus negócios, bem como inspirar a criação de novos laboratórios-vivos noutros ecossistemas de empreendedorismo”. Com efeito, as operações previstas “irão beneficiar as entidades e a comunidade do HCB, as comunidades locais científicas e empreendedoras, bem como informar as políticas públicas locais”.
Desde o início que a Startup Lisboa “assumiu a sustentabilidade como uma dimensão essencial ao projeto”, recorda Miguel Fontes. “Por isso, os projetos a desenvolver no Living Lab intervêm em quatro áreas prioritárias: energia, edifícios, mobilidade e economia circular e ambiente, através de nove operações estruturadas que pretendem concretizar a sua ambição de se constituir como um laboratório vivo permanente”. Por outro lado, “o projeto baseia-se n necessidade de uma ação concertada entre os setores público e privado com vista a uma transição justa para uma sociedade neutra em carbono”.
Para a concretização do Hub Criativo do Beato Living Lab, a Startup Lisboa conta com a coordenação técnica da Lisboa E-Nova - Agência Municipal de Energia e Ambiente e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa como parceiro principal, sendo a iniciativa parcialmente financiada (40%) pelos EEA Grants, em consórcio com outros parceiros – alguns deles empresas do HCB – como a Carris, Circular, DST Solar, Innovation Point, Mota-Engil Renewing, Praça, Prio, Schréder, The Browers Company e Watt-IS.
O investimento global do conjunto de ações a desenvolver no âmbito deste projeto atinge cerca de dois milhões de euros até 2024. Os EEA Grants são um mecanismo financeiro plurianual através do qual a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega apoiam os Estados-membros da UE com maiores desvios da média europeia do PIB per capita.
O Hub Criativo do Beato é o espaço que vai acolher um dos maiores polos de inovação e empreendedorismo da Europa, estando prevista a criação de 3000 empregos e um investimento global de 50 milhões de euros. São 18 edifícios de reconhecido valor industrial e arquitetónico, que estão a ser reconvertidos para receber um conjunto de empresas nacionais e internacionais nas áreas da tecnologia, inovação e indústrias criativas, com o objetivo de posicionar Lisboa como uma cidade aberta, empreendedora e de referência mundial. A concretização das várias fases do projeto atrasou-se devido à pandemia da Covid-19.
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