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Sociedade Portuguesa de Educação Física alerta para falta de hábitos de exercício no primeiro ciclo

Sociedade Portuguesa de Educação Física alerta para falta de hábitos de exercício no primeiro ciclo
Rui Duarte Silva

A Sociedade Portuguesa de Educação Física manifestou esta terça-feira preocupação pelo baixo nível de atividade física dos alunos do primeiro ciclo e alerta que a pandemia veio agravar ainda mais o "problema"

Nuno Seruca Ferro, presidente da SPEF, disse à Lusa que a disciplina de Educação Física "tem alguma estabilidade" desde o segundo ciclo até ao ensino secundário e que é entre os alunos mais novos que a situação é mais preocupante.

"O primeiro ciclo é o grande problema, pois não existe uma ideia do que deve ser feito. Isso é o mais crítico. É uma matéria que está a cargo do professor titular de turma, que leciona todas as áreas do currículo, mas cuja formação de base faz com que se afaste um pouco da Educação Física", disse o responsável da SPEF.

Nuno Seruca Ferro considerou que a questão é tão mais importante quando se sabe que é nesta fase que se criam hábitos que podem perdurar no futuro.

"Os hábitos de atividade física têm de começar o mais cedo possível e com regularidade. Não podem ser episódicos, com eventos esporádicos. A regularidade e frequência é fundamental para se formarem novos hábitos", reitera o presidente da SPEF, que lembra que doenças como a diabetes e a obesidade estão a instalar-se cada vez mais entre os jovens, pelo que considera que "o grande desafio é garantir que as identidades oficiais percebam o que está a acontecer".

Nuno Seruca Ferro destacou os efeitos da pandemia, avançando que "a regressão dos alunos em termos das suas capacidades está em níveis anormais para crianças desta idade" e que "há um trabalho de recuperação que tem de ser feito".

O presidente da SPEF disse à Lusa que apresentou ao Ministério da Educação um conjunto de preocupações que gostaria de ver englobadas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente o desenvolvimento de programas desportivos e a existência de infraestruturas para o efeito, admite que "se podia ter ido mais além" e que, "apesar de haver uma crescente preocupação com o desporto, a atividade física, a educação e a saúde, o PRR não tem esse respaldo".

A SPEF irá promover na quarta-feira uma sessão de disseminação do projeto europeu EuPEO (Observatório Europeu da Educação Física), que pretende fazer a avaliação da qualidade da disciplina de Educação Física em vários países europeus.

"O projeto desenvolveu-se ao longo dos últimos três anos e nesta ocasião faremos a divulgação à comunidade do que foi o seu desenvolvimento para, numa fase posterior, se começar a construir a plataforma", disse Nuno Seruca Ferro, adiantando que o objetivo passa por "estabelecer, entre todos os países, um conjunto de princípios comuns para a disciplina de Educação Física".

Concluída esta fase, o projeto passará a um segundo patamar em que será elaborada uma plataforma digital que albergue toda a informação recolhida e que permita a comparação dos países nela integrados.

O EuPEO é um projeto financiado pela Comissão Europeia através do programa Erasmus Plus Sport, em desenvolvimento desde 2018 e coordenado pela Faculdade de Motricidade Humana em parceria com a SPEF.

A parceria colaborativa europeia envolve doze parceiros institucionais de oito países (Portugal, França, Alemanha, República Checa, Hungria, Suíça, Irlanda, Eslovénia), incluindo associações profissionais de professores de educação física e universidades ou centros de investigação, num total de 22 investigadores.

O Projeto serve de estrutura à plataforma do futuro Observatório Europeu de Educação Física, que terá como objetivo promover uma Educação Física de qualidade, assim como o Desporto Escolar e outras formas de atividade física escolar na Europa.

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