Dados recolhidos por um satélite da constelação europeia Copernicus confirmaram que os níveis de dióxido de azoto regressaram aos elevados níveis que se registavam na China antes dos confinamentos aplicados aquando do início da pandemia de covid-19.
O fim dos confinamentos é apontado como o principal motivo deste aumento de emissões poluentes. Os dados agora libertados pela Agência Espacial Europeia (ESA) incidem especialmente na China, que é atualmente apelidada de “fábrica do mundo”, mas também poderão ter paralelo na Europa.
“Prevemos que a poluição atmosférica aumente à medida que os confinamentos vão sendo levantados nos vários pontos do mundo”, adianta, em comunicado, Claus Zehner, gestor da missão espacial Sentinel-5P, dentro da ESA.
O responsável da ESA recorda que as condições meteorológicas também podem afetar as concentrações de matérias poluentes na atmosfera, mas não deverá ser por isso que o continente europeu deverá ficar a salvo de regressar aos níveis de poluição que já se registavam, de forma pouco animadora, antes da pandemia. “Nas próximas semanas ou meses, esperamos um aumento de concentrações de dióxido de azoto também na Europa”, refere Claus Zehner.
Possivelmente, o dióxido de azoto não será o único gás nocivo libertado pela atividade humana para a atmosfera, mas merece especial menção da ESA como um indicador da evolução da poluição atmosférica por estar associado às emissões provenientes de fábricas e transportes rodoviários.
Os dados agora apresentados pela ESA foram recolhidos por um dispositivo conhecido por Tropomi, que se encontra a bordo do satélite Sentinel-5P. Este, por sua vez, faz parte da constelação Copernicus, que tem vindo a ser desenvolvida pela ESA com o propósito de criar novas formas de observação da Terra. O Tropomi está apto a recolher informação sobre dióxido de azoto, e também dióxido de enxofre, metano, monóxido de carbono e aerossóis que costumam ser associados ao denominado efeito de estufa e ao aquecimento global.
No caso da análise aos níveis de poluição atmosférica, os especialistas da ESA procedem a uma comparação entre três momentos, tendo como cenário de estudo o território chinês. A análise incide em fevereiro de 2019; fevereiro de 2020, já quando as autoridades chinesas haviam suspendido atividades industriais e grande parte da população se encontrava em confinamento; e fevereiro de 2021, quando as autoridades locais já tinham começado a levantar os confinamentos e limitações para a atividade industrial.
“Os dados revelam que as concentrações de dióxido de azoto em Pequim desceram 35% de fevereiro de 2019 para fevereiro 2020, antes de regressarem a níveis similares (aos de 2019) em fevereiro de 2021. De forma idêntica, em Chongqing, o dióxido de azoto desceu 45% entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020, antes de subir para quase o dobro dos números pré-covid”, refere um comunicado da ESA, com base na comparação dos dados enviados ao longo do tempo pelo satélite Sentinel-5P.
Nos três mapas disponibilizados pela ESA, é possível confirmar as pouco recomendáveis concentrações de dióxido de azoto assinaladas a vermelho. No mapa referente a fevereiro de 2020, as áreas assinaladas a vermelho levam a crer em menores concentrações de dióxido de azoto que nos mapas referentes a fevereiro de 2019 e fevereiro de 2021.
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