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Caso EDP: Ivo Rosa diz que “não há qualquer obstáculo” que impeça Sócrates de ser assistente

Caso EDP: Ivo Rosa diz que “não há qualquer obstáculo” que impeça Sócrates de ser assistente
TIAGO PETINGA/LUSA

O juiz Ivo Rosa discordou de todos os argumentos que o Ministério Público apresentou para não aceitar José Sócrates como assistente no caso EDP, recusou ler a resposta dos procuradores às alegações do ex-primeiro-ministro para não entrar num "ping pong interminável" e diz que o MP não apresentou qualquer facto que pudesse impedir o acesso do agora assistente ao processo

Caso EDP: Ivo Rosa diz que “não há qualquer obstáculo” que impeça Sócrates de ser assistente

Rui Gustavo

Jornalista

Logo no início do despacho judicial que admite José Sócrates como assistente no caso EDP, o juiz Ivo Rosa critica os procuradores Carlos Casimiro e Hugo Neto por terem respondido, "sem que o tribunal lhe tivesse concedido contraditório", à argumentação do ex-primeiro-ministro ao facto de o Ministério Público (MP) não o querer como interveniente no processo. "É um acto que a lei não permite, sob pena de transformar o processo num ping pong interminável", diz o juiz, que deu razão ao ex-primeiro-ministro nesta troca de bolas com o Ministério Público.

Para Ivo Rosa, "não existe qualquer obstáculo" a que José Sócrates se constitua como assistente no processo e possa assim sugerir diligências ao MP. O MP tinha argumentado que o ex-governante queria "instrumentalizar" a função de assistente para ter acesso a um processo em que "teve intervenção" em parte dos factos e em que poderá ser chamado. Mas Ivo Rosa diz que o MP não apresentou qualquer "factualidade" que sustente esta posição e defende que mesmo como assistente José Sócrates pode ser chamado ao processo para prestar declarações.

Contactado pelo Expresso, Sócrates ataca o MP: "Em 11 de fevereiro de 2015 o movimento Revolução Branca constituiu-se como assistente no processo Marquês. O Ministério Público não levantou objeções. Agora, em 2021, declara oposição à minha constituição como assistente no processo EDP. Este é o duplo critério do Ministério Público. Fiel aos seus amigos de sempre." O ex-PM alega que o MP não o queria no processo porque há informação das autoridades brasileiras que levantam suspeitas de financiamento ilegal por parte da Oderbrecht das campanhas eleitorais do PSD nas eleições de 2011 e 1015, ambas ganhas por Passos Coelho.

No mesmo despacho, a que o Expresso teve acesso, o juiz defende que "qualquer pessoa" pode ser assistente num processo e que o legislador "não proíbe a qualquer pessoa que tenha exercido uma profissão ou uma função em particular" essa faculdade. Por isso, "por estar em tempo, ter legitimidade, estar devidamente patrocinado e ter pago a taxa de justiça", Ivo Rosa aceita "o requerente a intervir nos autos como assistente".

O caso EDP está a ser investigado há anos e tem como principal arguido Manuel Pinho, ex-ministro de um governo de Sócrates, e os administradores da EDP António Mexia e Manso Neto. Em causa estão suspeitas de corrupção.

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