Somente em dezembro passado, a plataforma angariou 8,1 milhões de novos membros. Dir-se-á que este inesperado boost de adesões, particularmente verificado no último mês do ano passado, se fica a dever à pandemia. Não fossem as medidas de segurança impostas e as salas de cinema estariam abertas e a funcionar. Ora não estavam (e não estão).
A Disney entendeu, por isso, estrear Soul, a mais recente longa-metragem de animação produzida pela Pixar e inicialmente alinhada para estrear nas salas no verão passado, através da sua plataforma de streaming, exatamente no dia de Natal. A ajudar na alavancagem deste crescimento, a Disney+ estreou também uma nova temporada da sua iconográfica série The Mandalorian, desenvolvida a partir do universo criativo da Guerra das Estrelas.
De notar que neste total anunciado de quase 95 milhões de subscritores, a Índia tem um peso relativo próximo de um terço sobre o total. A Disney+ e a Hotstar, a sua subsidiária indiana, possuíam 26 milhões de assinantes no final de 2020. É, aliás, especialmente propulsionada pelas audiências indianas que emerge a projeção de que a Disney+ virá a liderar a guerra do streaming, destronando a líder, Netflix, dentro de cinco a seis anos. O mais recente reporte da Digital TV Research estima que em 2026, a Disney+ chegará ao total global de 294 milhões de subscritores, face a 286 milhões do lado da Netflix. A estimativa prevê que, na Índia, a Disney+ consiga alcançar 98 milhões versus 13 milhões para a Netflix, por essa altura.
2020 é igualmente um ano histórico para a Netflix. A número um do streaming planetário ultrapassou os 200 milhões de subscritores - concluiu o ano com um total de 203,6 milhões. Agregou 37 milhões de novos membros num ano, batendo o seu próprio recorde. Consequência do primeiro confinamento do ano passado e da corrida às fontes de entretenimento em casa, a Netflix foi subscrita por 15,8 milhões de novos membros no primeiro trimestre.
As estimativas para o período homólogo este ano fixam-se abaixo de metade: 6 milhões. Uma projeção que sinaliza a crença de que nada será como 2020 na contabilidade da companhia. Uma eventual saturação dos mercados mais maduros e onde a Netflix opera há mais anos associada ao reforço e expansão da concorrência – Disney+, Amazon Prime, HBO Max (impulsionada pelas estreias de grandes filmes produzidos pela Warner Bros.), associada à rápida popularização da Peacock (NBCUniversal), ameaçam a pujança demonstrada pela Netflix.
Se juntarmos à equação o retorno faseado e gradual à liberdade de movimentos, cabe à Netflix pedalar na produção e na oferta, conforme escreveu Red Hastings, o CEO da companhia, na carta aos acionistas, aquando da apresentação de resultados do ano passado: “A nossa estratégia é simples: se conseguirmos continuar a melhorar a Netflix todos os dias para agradar aos nossos membros, continuaremos a conseguir ser a sua primeira escolha de entretenimento por streaming.”
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