Os três inspetores do SEF que estão a ser julgados pela morte de Ihor Homeniuk aceitaram falar esta terça-feira, em julgamento, desmentindo a prática de qualquer crime.
Luis Silva diz que foram chamados porque o imigrante ucraniano estava "agitado" e que quando abriram a porta da sala onde tinha sido fechado pelos seguranças estava "manietado" com fita adesiva e foram algemá-lo para "garantir a sua integridade física". Quando o juiz lhe perguntou se tinha batido em Ihor, foi perentório : "Nunca chegou a haver confronto".
Apesar disso, o inspetor admite que foi necessário usar a força porque o passageiro tentou soltar-se e pontapear os colegas. Luís Silva depôs durante quase uma hora e revelou ainda que o uso de bastão extensível era "prática comum" : "Era uma ferramenta de trabalho e nunca ninguém me disse que não a podia usar".
"Quando Ihor nos viu não diria que teve medo, mas sentiu um sobressalto"
O inspector Bruno Sousa foi o último a entrar na sala onde Ihor Homeniuk estava manietado e confessou em tribunal que não viu medo nos olhos da vítima mas "houve um sobressalto"
Bruno Sousa entrou para o SEF há pouco mais de três anos e teve alguma dificuldade em responder ao juiz sobre as práticas comuns para abordar passageiros que provoquem desacatos no SEF. "No caso concreto deste passageiro, sabíamos que estava muito agitado mas só quando abrimos a porta é que percebemos que estava preso com fitas. Algemamo-lo porque era um meio de contenção menos invasivo".
O arguido, um dos três acusados pelo homicídio de Ihor Homeniuk em Março de 2020, garante que nenhum dos suspeitos agrediu a vítima: "Não havia necessidade de bater no homem. Não fazia sentido usar violência".
Bruno Sousa depôs durante cerca de quarenta minutos. O último a falar será Duarte Laja.
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