Sociedade

Advogado de Rui Pinto abandona associação de penalistas que querem travar audição na CPI do Novo Banco

William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota, advogados de Rui Pinto
William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota, advogados de Rui Pinto
NUNO BOTELHO

Francisco Teixeira da Mota sai da associação Fórum Penal, de que foi fundador, acusando-a de assumir uma "posição cúmplice com o imenso universo da criminalidade económica"

Advogado de Rui Pinto abandona associação de penalistas que querem travar audição na CPI do Novo Banco

Miguel Prado

Editor de Economia

O advogado Francisco Teixeira da Mota, que defende Rui Pinto no processo em que este está a ser julgado por 90 crimes relacionados com o Football Leaks, condenou a posição da associação Fórum Penal, em que esta apela a que o Parlamento não receba Rui Pinto na comissão parlamentar de inquérito do Novo Banco.

Aquela associação aprovou a 21 de janeiro uma tomada de posição contra a audição de Rui Pinto na CPI, num texto subscrito, entre outros, pelos advogados João Medeiros (assistente no processo em causa) e Sofia Ribeiro Branco (advogada que representa a queixosa Doyen, no mesmo julgamento). Também Rui Patrício, Paulo Saragoça da Matta e Rogério Alves subscrevem essa posição.

Teixeira da Mota diz que o texto da associação Fórum Penal, de que foi fundador, é "inaceitável".

"Não particularmente pelo que diz - não desconsidero os princípios constitucionais no mesmo invocados - mas pelo que omite e, assim, transmite publicamente: uma tomada de posição cúmplice com o imenso universo da criminalidade económica que faz, esse sim, perigar a nossa democracia", aponta Francisco Teixeira da Mota.

"Não posso aceitar pertencer a uma associação que pretende impedir que uma Comissão Parlamentar de Inquérito tenha acesso a informações eventualmente relevantes para os seus objectivos", acrescenta o advogado que representa Rui Pinto. Este foi indicado pelo partido PAN como potencial inquirido na CPI do Novo Banco.

"Tal como o Presidente da Assembleia da República referiu, espero que os resultados desta CPI correspondam às altas expectativas, ao mesmo tempo que tenho bem presente que a crise resultante da derrocada do Banco Espírito Santo teve consequências devastadoras para o país", sublinha Teixeira da Mota.

"Pretender que os deputados da Assembleia da República, no âmbito de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, não possam ouvir um cidadão que consideram poder contribuir para o esclarecimento da verdade é uma tentativa de silenciar quem possa contribuir para a descoberta da verdade e de, lamentavelmente, cercear a liberdade dos deputados", refere o mesmo advogado.

Teixeira da Mota diz ignorar o que Rui Pinto terá para dizer no âmbito da CPI, mas reitera que acha "absolutamente inaceitável esta tomada de posição pública da Forúm Penal", anunciando a sua renúncia na associação com efeitos imediatos.

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