Sociedade

Morte no aeroporto. Ministério da Administração Interna garante que agiu desde os primeiros momentos

Morte no aeroporto. Ministério da Administração Interna garante que agiu desde os primeiros momentos
ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Ministério da Administração Interna recorda a audição parlamentar de Eduardo Cabrita a 8 de abril e de abertura de inquéritos e processos disciplinares “logo que tomou conhecimento da natureza criminal” da morte de Ihor Homenyuk

Morte no aeroporto. Ministério da Administração Interna garante que agiu desde os primeiros momentos

Hugo Franco

Jornalista

Um dia depois da demissão da diretora do SEF, Cristina Gatões, o Ministério da Administração Interna volta a fazer um comunicado sobre o caso da morte do cidadão ucraniano Ihor Homenyuk a 12 de março no Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa.

"Os trágicos acontecimentos ocorridos no Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária (EECIT) do Aeroporto de Lisboa foram, desde a primeira hora, condenados, em várias declarações públicas, pelo Ministro da Administração Interna, nomeadamente numa audição parlamentar ocorrida no dia 8 de abril de 2020 e em declarações a órgãos de comunicação social", diz o MAI

A primeira vez que o Ministro da Administração Interna se pronunciou sobre a gravidade dos factos foi numa entrevista à TSF, a 6 de abril. A detenção dos três inspetores do SEF pela PJ tinha sido feita a 30 de março.

O comunicado do MAI acrescenta que logo que tomou conhecimento da natureza criminal dos factos ocorridos, o Ministro da Administração Interna tomou, de imediato, várias decisões. "abertura de um inquérito por parte da Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI); abertura de processos disciplinares ao Diretor e Subdiretor de Fronteiras de Lisboa - cujas comissões de serviço foram cessadas no próprio dia - bem como a todos os envolvidos nos factos relativos ao falecimento de um cidadão estrangeiro naquelas instalações; encerramento do EECIT para reestruturação e introdução de alterações significativas; para além das obras na infraestrutura, o MAI decidiu que o espaço passa a acolher apenas os cidadãos estrangeiros com recusa de entrada em Portugal, deixando de alojar requerentes de asilo."

O EECIT reabriu a 1 de agosto "com um novo modelo de acolhimento e foi visitado pela Provedoria de Justiça e pela Inspeção Geral da Administração Interna, que aprovaram as soluções adotadas. Foi também visitado pelos deputados da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, no dia 6 de outubro. "

O MAI garante que o novo regulamento do EECIT visa assegurar "o escrupuloso cumprimento dos instrumentos internacionais relevantes, em particular da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e da jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Tem ainda em conta toda a legislação nacional, garantindo a satisfação de necessidades básicas, nomeadamente saúde, incluindo a saúde mental, apoio legal, a higiene, a alimentação e o apoio social, no estrito cumprimento dos mais elevados padrões de respeito pelos direitos e dignidade humana".

Já o inquérito da IGAI sobre o homicídio do cidadão ucraniano concluiu pela instauração de 12 processos disciplinares a inspetores do SEF e foi remetido ao Ministério Público por despacho, de 7 de outubro, do Ministro da Administração Interna. "Complementarmente, foi determinada a 30 de outubro, pelo Ministro da Administração Interna, a realização pela IGAI de uma auditoria aos procedimentos internos do SEF, visando a sua avaliação e correção."

O documento refere ainda que foi assinado, a 4 de novembro, um protocolo entre o Ministério da Administração Interna, o Ministério da Justiça e a Ordem dos Advogados, que garante a assistência jurídica do Estado a cidadãos estrangeiros a quem seja recusada a entrada em território nacional nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Ponta Delgada, assegurando a estes cidadãos o pleno acesso ao Direito e aos Tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos.

"Mantém-se também a colaboração com a ONG Médicos do Mundo, para avaliação do estado de saúde dos cidadãos."

O comunicado termina com Eduardo Cabrita a reiterar o seu "total empenho no apuramento de toda a verdade e das consequentes responsabilidades criminais e disciplinares relativamente aos graves factos ocorridos no EECIT."

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate