O dia em que até os teleféricos da Expo pararam

As primeiras horas de recolher obrigatório foram de um silêncio pouco habitual numa das zonas mais agitadas de Lisboa: o Parque das Nações
As primeiras horas de recolher obrigatório foram de um silêncio pouco habitual numa das zonas mais agitadas de Lisboa: o Parque das Nações
Jornalista
Pouco depois das 13h, fez-se silêncio no Parque das Nações. E até os teleféricos deixaram de circular. Os únicos sons constantes são o grasnar das gaivotas, os ruídos dos geradores e os motores das lambretas dos estafetas de entregas de comida.
O boneco gigante do Gil, que normalmente é alvo de romaria de famílias a quererem arriscar a sua selfie, está desta vez sem companhia.
Umas poucas pessoas, e são mesmo poucas, não foram no entanto para casa: há quem acabe uma corrida, e famílias que ainda pedalam de bicicleta. Outros não têm casa, como um sem-abrigo que se esconde debaixo de um edifício junto ao Altice Arena para almoçar um iogurte.
No centro comercial Vasco da Gama, o único movimento visível é o das escadas rolantes. E obviamente dos rapazes da Uber Eats e da Glovo.
O trânsito na avenida D. João II, a principal do Parque das Nações, é tão intenso como o de uma madrugada. Ouvem-se com nitidez os sinais sonorosos dos semáforos, que ganham espaço ao ruído dos motores. O volume de carros e motas vai diminuindo com o avançar do ponteiro do relógio. Mercearias, cafés, gelatarias e restaurantes virados para a estrada encontram-se quase todos de portas fechadas. Também o terminal de metro e comboios está semi deserto. Uns poucos passageiros espreitam os ecrãs de chegadas e partidas, sem aparentes atrasos. Não há correrias num sábado normal. Nem neste sábado anormal.
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