Sociedade

Ensino. Pelo menos 800 professores em falta iam receber entre 555 e 750 euros

Governo quer evitar que no próximo ano letivo continuem a surgir surtos nas escolas e turmas em casa em isolamento
Governo quer evitar que no próximo ano letivo continuem a surgir surtos nas escolas e turmas em casa em isolamento
JOSÉ COELHO/LUSA

Grupo de professores contratados será ouvido no Parlamento após assinatura de petição. Devido aos baixos salários e a razões familiares, muitos docentes preferem outro emprego a mudarem de cidade para dar aulas. Ministério culpa pandemia e diz que este ano há mais 1100 docentes do quadro com mobilidade por doença

Um grupo de professores contratados será ouvido esta terça-feira no Parlamento, depois de 4703 doentes terem assinado uma petição para alterar a regulamentação que gere os concursos de colocação.

Um dos dados que vão certamente dar aos deputados é o de que pelo menos 800 professores dos que ainda estão em falta recusaram a colocação numa escola porque iriam ganhar entre 555 e 750 euros líquidos para darem entre oito a 14 horas de aulas por semana, além do tempo a acompanhar alunos, estar presente em reuniões e outras tarefas incluídas na chamada componente não lectiva e que perfazem um horário de 35 horas semanais.

Mesmo que tivessem aceitado as condições, estes 800 professores não chegariam para preencher os cerca de 1600 lugares que estavam vazios na semana passada. “Para muitos professores é mais vantajoso financeiramente, e também a nível familiar, estar a trabalhar perto de casa num emprego não especializado do que aceitar uma colocação a quilómetros da sua residência, afastando-se da sua família e tendo despesas muitas vezes incomportáveis com o vencimento que auferem”, sublinha o grupo num comunicado divulgado a propósito da audiência desta terça-feira.

Directores e sindicatos também têm apontado esta razão para justificar a falta de professores na Grande Lisboa e no Algarve, as regiões mais afectadas, que se agravou com a subida das rendas nestas regiões.

Apesar dos alertas, o ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues manteve outro diagnóstico da situação e disse esta segunda-feira que foi a pandemia que levou muitos docentes a não aceitar ser colocados na Grande Lisboa e Algarve. Além disso, o executivo disse ao “Público” que este ano há mais 1100 docentes do quadro a quem foi atribuída mobilidade por doença, sendo que a grande maioria se deslocou da Grande Lisboa para a região Norte.

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