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Football Leaks: os segredos foram expostos, o Fisco ficou com fome, mas os grandes negócios da bola tornaram-se ainda maiores

Football Leaks: os segredos foram expostos, o Fisco ficou com fome, mas os grandes negócios da bola tornaram-se ainda maiores
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Passavam 17 minutos das 5h de 29 de setembro de 2015 quando o blogue Football Leaks publicou a sua primeira mensagem para “divulgar a parte oculta do futebol”. As publicações que se seguiram tornaram Rui Pinto um dos alvos mais procurados da Polícia Judiciária e inimigo número um da Doyen. Começou tudo há precisamente cinco anos - e isto é o que mudou (ou nem por isso)

Football Leaks: os segredos foram expostos, o Fisco ficou com fome, mas os grandes negócios da bola tornaram-se ainda maiores

Miguel Prado

Editor de Economia

“Bem-vindo ao Football Leaks. Este projecto visa divulgar a parte oculta do futebol. Infelizmente o desporto que tanto amamos está podre e é altura de dizer basta. Fundos, comissões, negociatas, tudo serve para enriquecer certos parasitas que se aproveitam do futebol, sugando totalmente clubes e jogadores.” Era assim que o blogue se apresentava ao mundo, pelas 5h17 de 29 de setembro de 2015. Não era ainda Rui Pinto o seu rosto mas seria mais tarde.

Cinco anos depois, a bola ainda é redonda mas o negócio é bem maior. Transferências por valores antes impensáveis enriqueceram um conjunto de intermediários. Mas também despertaram o interesse das autoridades fiscais de vários países: estaria a indústria do futebol a entregar à sociedade a devida fatia de impostos gerados com negócios estratosféricos?

Diogo Luís, antigo futebolista do Benfica, tem hoje 40 anos, é economista e trabalha como consultor financeiro. Depois de pendurar as chuteiras trabalhou nos bancos BiG e Best e desde 2017 na Golden Wealth Management, uma empresa de gestão de património. Diz ao Expresso que tem do projeto Football Leaks uma opinião positiva. “As autoridades ficaram mais atentas. Conseguiram informação que não tinham e perceberam que têm de ir atrás dos beneficiários efetivos das transferências. Desse ponto de vista foi importante”, comenta Diogo Luís, realçando que nos últimos cinco anos se notou um maior esforço das autoridades na cobrança de receita fiscal e no combate ao branqueamento de capitais no futebol.

O ex-futebolista admite que quando a sua vida se fazia dentro das quatro linhas não estava sequer atento a eventuais fenómenos de criminalidade económica associados ao futebol. “Estava mais focado na minha profissão”, aponta Diogo Luís. Mas reconhece que o projeto lançado há cinco anos por um autor anónimo (só em 2019 Rui Pinto veio assumir a autoria) marcou um ponto de viragem. “Antes do Football Leaks os beneficiários efetivos eram escondidos e ninguém os procurava. Abriram-se algumas janelas”, refere. “Quando eu jogava, o futebol não tinha a dimensão que tem hoje. Tornou-se mais atrativo para fenómenos fraudulentos mas isso também fez com que os agentes económicos tenham passado a ter um cuidado adicional”, acrescenta, em conversa telefónica com o Expresso.

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