Falou-se de ficheiros XML e HTML, de “queries”, do “browser” TOR e de redes virtuais. A sexta sessão de julgamento transformou-se num curso rápido de iniciação às tecnologias de informação, ministrado pelo inspetor José Amador, da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica da Polícia Judiciária. “Isto não é metafísico, é só uma questão de perdermos algum tempo para perceber”, aponta o inspector.
A plateia de juízes e advogados não parece convencida mas José Amador prossegue. O julgamento de Rui Pinto tornou-se nos últimos dias uma incursão aos meandros das perícias forenses da Polícia Judiciária, que encontrou em dois dispositivos apreendidos a Rui Pinto em Budapeste um manancial de informação. “O dispositivo que para nós foi mais relevante foi o RP3.” Mas também o RP9 foi importante. Só para abrir o ficheiro Excel que faz a listagem de documentos existentes no disco já vamos num par de minutos. “Com alguns destes ficheiros é preciso ter paciência, porque alguns podem ter k, outros podem ter megas.” Finalmente aberta, esta listagem mostra 1.048.576 linhas, uma por cada ficheiro existente no disco.
O inspetor da Polícia Judiciária é a primeira testemunha do julgamento de Rui Pinto mas vai já no terceiro dia de depoimentos (e esta quinta-feira assim continuará). Já explicou como começou a investigação ao autor de Football Leaks, como se desenrolou e como foi detido e extraditado. Mas agora vai explicando, um a um, os documentos que a procuradora Marta Viegas faz questão que sejam analisados no tribunal. Constam do processo. Mas a magistrada pretende que o inspetor, a primeira testemunha do rol de nomes indicados pelo Ministério Público, confirme cada documento.
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