Sociedade

Longas filas no aeroporto de Faro para controlo de documentos. SEF admite falta de condições mas culpa a ANA

Longas filas no aeroporto de Faro para controlo de documentos. SEF admite falta de condições mas culpa a ANA
Rafael Marchante

Uma fotografia publicada esta quinta-feira no Twitter mostra uma enorme fila de passageiros no aeroporto de Faro. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras justifica que o controlo de documentos de passageiros no aeroporto está a funcionar, “por determinação da ANA - Aeroportos”, numa zona “que não se encontra adequada para receber o exponencial crescimento do número de passageiros”. ANA diz que estavam a funcionar menos postos de controlo do que era suposto e “lamenta que a falta de recursos por parte do SEF cause impacto negativo nos passageiros que chegam ao aeroporto”

Longas filas no aeroporto de Faro para controlo de documentos. SEF admite falta de condições mas culpa a ANA

Helena Bento

Jornalista

A abertura do corredor aéreo com o Reino Unido foi uma boa notícia para o turismo, mas isso não significa que esteja tudo bem. Na sequência da divulgação, no Twitter, de uma fotografia tirada no aeroporto de Faro em que se veem centenas de pessoas concentradas na área de controlo de chegadas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) admitiu, ao Expresso, que a zona onde é efetuado esse controlo não tem condições “adequadas” para tal, mas responsabiliza a ANA - Aeroportos de Portugal.

“Atualmente, o controlo documental de passageiros no Aeroporto de Faro está a funcionar, por determinação da ANA Aeroportos, na chamada ‘zona de inverno’, que não se encontra adequada a receber o exponencial crescimento do número de passageiros (+190%), após a abertura do corredor aéreo com o Reino Unido”, justificou o organismo por e-mail.

De acordo com o SEF, “esta zona contempla apenas 5 posições de controlo documental de passageiros na área de chegadas, não tendo a ANA Aeroportos ainda aberto a ‘zona de verão’ que contempla 10 posições de controlo que permitiriam garantir maior celeridade no controlo de fronteira”.

Garante, ainda assim, que “com o reforço do efetivo do SEF, operado esta semana, o serviço assegurará mais 12 inspetores afetos ao aeroporto de Faro”. A situação, “pontual e circunscrita”, e “registada em apenas uma hora”, terá ocorrido no dia 26 de agosto, diz ainda a entidade, segundo a qual aterraram em Faro, nesse período de tempo, “oito voos, o que correspondeu a mais de 800 passageiros controlados na fronteira.

ANA “lamenta falta de recursos do SEF”

A versão da ANA - Aeroportos de Portugal, em reação ao sucedido, é diferente. Ao Expresso, confirmou que a longa fila de passageiros se formou na zona de controlo de fronteiras do aeroporto de Faro mas que, “dos cinco postos de controlo, apenas dois estavam em funcionamento”. Também os equipamentos de controlo electrónico, que alega serem da responsabilidade do SEF, “não estão em funcionamento”. A empresa afirmou ainda “lamentar que essa falta de recursos por parte do SEF cause impacto negativo nos passageiros que chegam ao aeroporto de Faro” e garantiu que irá esclarecer junto do SEF quais as razões para este tipo de ocorrência”.

Deputado do PSD fala em filas de “hora e meia”

A fotografia captada no interior do aeroporto foi partilhada no Twitter por deputados sociais-democratas como Margarida Balseiro Lopes, ex-líder da JSD, e Cristóvão Norte (PSD-Algarve), que escreveu: “O SEF a funcionar com 2 colaboradores para esta torrente de gente! Quisemos tanto o corredor turístico aberto para isto?”. Ao Expresso, o deputado falou ainda nas máquinas de controlo de passaportes, que estariam “avariadas”, e disse ter conhecimento de “relatos de pessoas que chegaram a esperar uma hora e meia para conseguir entrar”. “Não foi cumprido qualquer distanciamento social”, disse ainda.

Depois de ter sido excluído, num primeiro momento, da lista de “corredores aéreos” do Reino Unido, Portugal passou entretanto a integrá-la. A 20 de agosto, o Governo britânico anunciou ter incluído o país nessa lista, o que isenta os passageiros de cumprir uma quarentena de duas semanas imposta devido à pandemia de covid-19. "Os dados também mostram que agora podemos adicionar Portugal aos países incluídos nos corredores de viagens", disse, na altura, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, no Twitter. Portugal juntou-se, assim, a um grupo reduzido de países considerados seguros pelo Reino Unido desde meados de julho, que incluem a Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Granadinas, Brunei e Malásia.

O Algarve sentiu um efeito imediato nas reservas de ingleses após a abertura do corredor, a 22 de agosto. Segundo números adiantados ao Expresso pelo Turismo de Portugal, a partir do momento em que Portugal integrou a dita lista, o número de reservas disparou 130% em todo o mundo e só no Reino Unido quase 400%. Segundo Luís Araújo, presidente da entidade, a decisão do Governo britânico teve um efeito de contágio a turistas em toda a Europa.

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