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Covid-19. Número real de infetados em Portugal faz descer letalidade de 3,5% para 0,6%

Doentes infetados no Hospital de São João
Doentes infetados no Hospital de São João
Rui Duarte Silva

Uma taxa de letalidade mais baixa não pode gerar alívio das medidas de proteção, avisam os especialistas. Primeiro inquérito serológico nacional revelou que 300 mil pessoas já foram infetadas

O Inquérito Serológico Nacional realizado pelo Instituto Ricardo Jorge identificou anticorpos contra o novo coronavírus em cerca de 3% da população, o que significa que 300 mil portugueses foram infetados nos últimos meses. O número comprova que o vírus se espalhou pela população de forma rápida e invisível, atingindo seis vezes mais pessoas do que se sabia. Além de refletir o número de assintomáticos, permite ‘recalcular’ a taxa de letalidade, ou seja, o número de óbitos no total de infetados, uma vez que estima o número real de casos de covid-19 e não apenas os diagnosticados. Até agora, as 1705 mortes contabilizadas traduziam-se numa letalidade de 3,5% (para um universo de cerca de 49 mil casos), mas a taxa é seis vezes mais baixa (0,6%), face às 300 mil pessoas que na verdade tiveram contacto com o vírus.

Mas o facto de a letalidade ser mais baixa não pode significar um alívio das medidas de proteção. A esmagadora maioria dos portugueses continua suscetível de ser infetada, o que aumenta o risco de uma subida exponencial de casos a partir do outono, numa altura de regresso às aulas e ao trabalho e em que as temperaturas começam a baixar, favorecendo a circulação do SARS-CoV-2.

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