
Há vida depois da covid. Mas será que vai continuar igual para os mais velhos?
Há vida depois da covid. Mas será que vai continuar igual para os mais velhos?
Jornalista
Os mais velhos são as grandes vítimas da covid-19. Os que morrem — 87% das vítimas mortais em Portugal tinham mais de 70 anos — e também os que sobrevivem: “Este viver não é viver. Estou isolada, sem poder ver ou tocar nos meus netos e proibida de sair de casa.” Maria do Rosário Gama tem 71 anos, é fundadora da APRe, Associação de Pensionistas e Reformados, e tem passado os últimos tempos em “angústia permanente”. Não só porque o marido “faz parte da direção de um lar” e a filha “trabalha lá como ajudante”, mas também porque sente que “há um tempo que está a ser roubado à vida de quem já não tem muito futuro pela frente”. E isso “é irrecuperável”.
As pessoas com mais de 70 anos são consideradas pelas autoridades de saúde grupo de risco e, para sua própria proteção, estão obrigadas a um confinamento mais apertado e a viverem ainda mais sozinhas. Os outros, os mais novos, estão também em casa e forçados a cumprir uma quarentena familiar para evitar um eventual contágio. É como se a sociedade estivesse dividida entre os que estão em risco e os que não podem viver para os proteger. “Essa ideia é maniqueísta e falsa, porque os mais velhos são as vítimas. Não são uma ameaça”, defende Maria João Valente Rosa, demógrafa e investigadora do idadismo, o preconceito contra os mais velhos. “É verdade que a taxa de letalidade é maior entre os mais velhos, mas a velhice, por si só, não é doença. Gostava que deixássemos de falar de mais novos ou mais velhos. Temos de nos proteger uns aos outros. Não há nós e eles”, diz a socióloga. Mas será que é mesmo assim?
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