Um dia depois de a taxa de novos contágios ter sido de 10,65%, a pior desde o início do mês, o país regista este sábado uma taxa de crescimento de casos de 3,3%, a menor desde o início da pandemia, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS). É por isso que a ministra da Saúde alerta que os dados são preliminares e é preciso cautela.
"Todos os nossos esforços devem ser no sentido de reduzir a transmissão", afirmou Marta Temido na habitual conferência de imprensa, apelando à ajuda dos portugueses, numa altura em que a evolução do surto se encontra numa "fase de planalto" e o país continua em Estado de Emergência.
Os dados das últimas 24 horas dão conta de mais 515 infetados e 35 mortos, aumentando para 15.97 o número total de casos confirmados e para 470 mortos, respetivamente. Em comparação com sexta-feira há menos quatro pessoas em internamento geral (1175) mas mais seis em cuidados intensivos (233).
De acordo com Marta Temido, estão a ser realizados em média 9 mil testes por dia - mais de metade em laboratórios públicos (53%) - sendo que o dia em que se efetuaram mais despistagens foi no passado dia 9 de abril (10.715).
Confrontada sobre as queixas de vários autarcas, a ministra da Saúde garantiu que nenhuma entidade local está proibida de divulgar dados do boletim epidemiológico, mas alertou que só devem partilhar dados da Direção-Geral da Saúde.
"Quero esclarecer inequivocamente que não há qualquer proibição de partilha de informação. Há sim apelo claro para que todas as entidades que integram Ministério da Saúde, em especial as entidades locais e regionais no envio de informação atempada e existente ", disse a ministra da Saúde, sublinhando que "boletins parcelares" podem causar "análises fragmentadas".
"A informação deve ter o mesmo horário, se não temos naturais divergências que geram perturbação. Além disso, pode pôr em causa o segredo estatístico, Isso não é admissível. Para que todos sejamos agentes de Saúde Pública, nem emissores, nem recetores podem abdicar do enorme esforço de comunicação, que tem que ser responsável", acrescentou.
Marta Temido adiantou ainda que a DGS está a trabalhar numa metodologia que permita que as suas entidades locais e regionais possam também aferir aquilo que são os seus próprios reportes informativos pelos mesmos períodos de tempo.
Ministério avalia contratos de adesão com privados
A ministra explicou ainda que a tutela está a analisar a possibilidade de contratos de adesão com os hospitais do sector privado e social , considerando que essa solução é preferível do que o Governo avançar para a requisição.
Questionada sobre o pagamento das despesas nos hospitais privados, a governante garantiu que o Estado só cobrirá as despesas com doentes covid-19 no privado se forem encaminhados pelo SNS. "O Sistema Nacional de Saúde tem uma obrigação de cobertura de todos os portugueses e tem respondido em relação à Covid-19, como em relação a outras patologias", disse Marta Temido depois de os grupos Lusíadas Saúde e Luz Saúde terem admitido numa reportagem da SIC cobrar ao SNS todas as despesas relacionadas com doentes covid.
A diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, avançou, por sua vez, que 1849 profissionais de Saúde estão infetados com Covid-19: 488 enfermeiros, 276 médicos e 1085 de outras áreas.
Relativamente aos profissionais de Saúde que se encontram nos Cuidados Intensivos, Graça Freitas disse não ter dados disponíveis a nível nacional mas garantiu que todos têm até à data uma "evolução positiva. "Apesar de estarem em cuidados intensivos depois têm alta e vão para as enfermarias", explicou a diretora-geral de Saúde, apontando para o facto de estarem em idade ativa e terem um sistema imunitário mais forte.
Questionada sobre a realização de 1700 testes serológicos até ao final de abril, Graça Freitas esclareceu que a amostra será "aleatória" e "representativa de clusters importantes da sociedade" com vista a apurar o grau de imunidade no país após a primeira vaga da epidemia. No entanto, explicou que o processo se encontra ainda numa fase preparatória, não tendo ainda sido definidos os critérios do estudo.
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