Em Ovar há mais de 200 polícias nas ruas, todos os acessos estão cortados e faltam camas para tantos doentes
Tudo parou, mas a vida continua. Acabou de começar para Maria Elisa. Pedro Aleixo, 48 anos, tinha acabado de ser avô de uma menina quando falou, esta quinta-feira, ao Expresso. Está “refugiado” em Vila Real. “A filha da minha esposa teve hoje um bebé, e viemos para aqui dar-lhe apoio”, conta o residente em Ovar. Conseguiu escapar a tempo do concelho onde foi decretado o estado de calamidade pública, em que 55 mil pessoas vivem sitiadas por uma cerca sanitária. Todos os acessos estão cortados e mais de 200 elementos das forças de segurança asseguram que ninguém entra e ninguém sai. Todas as indústrias e espaços comerciais estão encerrados, com exceção dos que vendem bens de primeira necessidade.
A cidade está deserta. “Não vi rigorosamente ninguém e nenhum carro passava nas ruas”, conta Pedro Aleixo, ao telefone. Já depois de ter partido, voltou por um dia a Ovar e partiu outra vez. “Tinha coisas no restaurante que se podiam estragar”, explica. É proprietário do Passo do Horto, que fechou portas aos clientes e aos quatro funcionários. “Não sei como vai ser... A situação já não era fácil e agora complicou-se muito”, admite Pedro. As palavras diluem-se em lágrimas impossíveis de esconder, mesmo ao telefone. “Desculpe, emocionei-me.” Tinha acabado de saber que uma amiga, com quatro filhos, estava infetada. “Foi um choque muito grande”, aumentado pela preocupação de estar longe de duas filhas, de 9 e 16 anos, que estão fechadas em casa.
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