Durante todo o dia de ontem, 9 de março, a linha SNS24 recebeu 27.679 chamadas e mais de metade não chegaram a ser atendidas. Segundo os dados do Portal de Transparência do SNS, 15.072 chamadas foram abandonadas depois de terem passado pelo menos 15 segundos. Do total, cerca de 40% dos telefonemas, ou seja, 10.940 chamadas, foram atendidas.
Já no início da semana passada, no dia 2 de março, como avançou o jornal “Público”, um quarto das chamadas não tinham sido atendidas, numa altura em que a linha recebeu cerca de 14 mil telefonemas. Ontem, o número total de pessoas a ligar para a linha SNS24 foi praticamente o dobro.
Segundo os dados disponibilizados pelo SNS a partir de dezembro de 2016, nunca houve um dia com tantas chamadas como esta segunda-feira. E a percentagem de telefonemas não atendidos tem rondado os 20% desde o início da semana passada.
Se às chamadas que não chegaram a ser atendidas após 15 segundos somarmos as que desistiram antes desse tempo, então quase 16 mil não tiveram resposta, o que ronda 56% do total. O mapa epidemiológico da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP) mostra ainda que a percentagem de chamadas não atendidas nas últimas 24 horas é de 58%.
A mãe de um dos alunos em quarentena de uma escola da Amadora, no distrito de Lisboa, foi um dos muitos casos que ontem não conseguiram ser atendidos. “Liguei o dia todo, várias vezes, mas fico à espera tanto tempo que acabo por desistir. Há quem esteja a tentar ligar de madrugada para ver se consegue que alguém atenda”, descreve ao Expresso.
“Foi-nos dito através da escola que tínhamos a opção de ir fazer o teste ao centro de saúde. Mas não sei sequer se isso faz sentido e preciso de saber se o devo fazer. Preciso também de perceber se eu devo tomar algum cuidado particular por ser asmática”, conclui a mãe.
Nesta escola, os pais com filhos em quarentena têm partilhado as dúvidas uns com os outros em grupos de WhatsApp, aguardando o momento em que alguns deles consigam ser atendidos pela linha SNS24.
“Limite máximo de 10 mil chamadas”
Na semana passada, o Governo nomeou um novo conselho de administração para os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade responsável pela Linha SNS 24, apanhando de surpresa o então presidente, Henrique Martins.
Questionado pela Lusa se a não recondução no cargo se deveu aos constrangimentos no atendimento desta linha, Henrique Martins afastou essa hipótese. “O contrato que nós temos com o operador, a Altice, tem um limite máximo que são as 10 mil chamadas e isso foi atingido. Portanto, nós gerimos bem o contrato. O que acontece é que temos um excesso de chamadas causado por esta situação, que é completamente atípica", sublinhou.
[Texto atualizado às 13h02]
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