A homenagem aos três jovens que morreram por excesso de velocidade feita no último domingo à noite por 500 pessoas que pararam o trânsito na Segunda Circular e a reação violenta de algumas delas contra agentes da polícia, na Damaia, junto à casa de um dos condutores mortos, esta terça-feira, estão a causar mal-estar entre elementos da PSP e da GNR.
“Estas pessoas estão a marimbar-se para nós, parecem não ter nada a perder”, desabafa um elemento das forças de segurança ao Expresso. Mário Andrade, presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia, refere que “este sentimento de impunidade só faz com que ganhem mais confiança para desafiar as forças da lei”. E lamenta que dois agentes tenham sido cercados pelos grupos de motards no Cemitério dos Prazeres.
A PSP está a tentar identificar os infratores dos dois eventos em contrarrelógio. E procuram os suspeitos através das marcas e matrículas das viaturas usadas para cortar o trânsito na Segunda Circular. Só que algumas das matrículas eram falsas, o que torna o trabalho mais difícil. Sobre os incidentes na Damaia, vários motociclistas foram detetados sem capacete e a fazer manobras perigosas. E cercaram os dois únicos agentes da PSP presentes no local. Um dos agentes ainda disparou para o ar para dissuadir o grupo. Só mais tarde surgiu o reforço policial, mas nessa altura a tensão já tinha terminado.
Em comunicado emitido esta semana, a PSP refere que foi recebido um alerta por um grupo de motociclistas estarem a circular na via publica, sem capacetes e realizando manobras perigosas proibidas pelo Código da Estrada. "Não foi inicialmente estabelecida qualquer ligação desta ocorrência com a morte de três cidadãos, em resultado de acidente rodoviário verificado na madrugada do dia 21 do corrente mês, na Avenida Marechal Craveiro Lopes (2.ª circular)", diz a PSP. "Como é normal, foi enviado ao local um carro patrulha com dois polícias."
Quando chegaram ao local os dois polícias deparam-se com um conjunto de motociclistas que rapidamente os cercaram "de forma hostil" e não acataram as ordens legais e legítimas que lhes foram dadas, "impossibilitando que os infratores fossem identificados e fiscalizados";
A PSP conta que enquanto um dos policias permaneceu no exterior do carro patrulha, emitindo continuamente ordens para que os infratores se afastassem, o outro polícia entrou na viatura para pedir reforços urgentes via rádio. " Devido ao aumento do número de infratores e aos seus inaceitáveis comportamentos, um dos polícias, para garantir a sua integridade física e a autoridade do Estado, recorreu passivamente à arma de fogo como forma de dissuasão relativamente às agressões iminentes, sem no entanto a ter apontado a qualquer cidadão."
A PSP salienta a "coragem e o sangue frio" do polícia que permaneceu no exterior do carro patrulha, "que permitiram evitar males maiores". Os reforços policiais chegaram rapidamente ao local, não tendo no entanto sido possível a identificação e detenção dos infratores, por já terem dispersado. " Apesar da identificação presencial não ter sido possível, a PSP irá utilizar todos os meios para identificar todos os intervenientes de. Modo a permitir responsabilizá-los tanto criminalmente como pelas contraordenações praticadas, salienta a Polícia.
[artigo retificado com a localização dos incidentes e inclusão do comunicado da PSP sobre os desacatos]
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