Sociedade

Guerra no MP. Marques Mendes diz que regressou “o fantasma da ingerência política nas investigações”

Guerra no MP. Marques Mendes diz que regressou “o fantasma da ingerência política nas investigações”

Ainda sobre a justiça, o comentador da SIC considera que há ainda um conflito entre o juiz de instrução Carlos Alexandre e o primeiro-ministro António Costa

Guerra no MP. Marques Mendes diz que regressou “o fantasma da ingerência política nas investigações”

João Pedro Barros

Editor Online

A diretiva que dá às chefias do Ministério Público (MP) o poder de emitir instruções sobre os inquéritos nas mãos dos procuradores “ressuscita o fantasma da ingerência política nas investigações”. A opinião é de Luís Marques Mendes e foi emitida este domingo no seu espaço de comentário semanal na SIC.

“Em causa, no essencial, está a decisão de saber se a ordem deve ou não ficar escrita no processo”, sublinha. A diretiva não o prevê e Marques Mendes considera que tal é “ilegal no Código de Processo Penal”, mas, acima de tudo, “não é transparente e não ajuda ao escrutínio” das decisões dos magistrados.

Em última instância, uma decisão pode assim depender da Procuradora-Geral da República (PGR) em funções, que é nomeada pelo presidente da República, sob proposta do Governo. No caso, trata-se de Lucília Gago.

“Se a PGR não resolver isto rapidamente, corre o risco de sair chamuscada do processo”, considera o ex-presidente do PSD, que acrescenta que o caso também não é positivo para os próprios procuradores e para a instituição.

O comentador critica igualmente a reação do presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, que apelida de “exagerada”. “Fala quase de um atentado à democracia. São declarações incendiárias, algo demagógicas, e de um magistrado pede-se uma linguagem mais credível, ponderada”, nota.

Caso de Tancos foi tratado pelo Governo “como uma novela policial”

No seu comentário, Marques Mendes aludiu ainda a outra “guerra”, entre o juiz de instrução Carlos Alexandre e António Costa, a propósito das respostas enviadas pelo primeiro-ministro sobre o caso de Tancos.

“O primeiro-ministro diz nas respostas que achou estranho que a GNR de Loulé tivesse participado no ato de recuperação das armas, na Chamusca. Mas não tentou informar-se, esclarecer. (...) Todo o país discutiu o memorando sobre a recuperação das armas, só o Governo é que esteve semanas ou meses sem estar preocupado em esclarecê-lo”, ressalva o comentador.

Marques Mendes referiu-se ainda ao facto de o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes ter considerado o caso “mais ou menos normal” porque vê “muitos filmes policiais”.

“Tudo isto é muito elucidativo. Num assunto gravíssimo, de segurança nacional, o Governo não tratou de esclarecer coisa nenhuma. Foi tudo tratado como uma novela policial. Acho que tudo isto é mais importante em termos políticos do que em termos jurídicos”, concluiu.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jpbarros@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate