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Sociedade

Viver no “caixote do lixo” da Europa

A população estranha que um aterro de inertes atraia gaivotas, roedores e baratas. Material de construção contendo amianto é outra das inquietações dos residentes
A população estranha que um aterro de inertes atraia gaivotas, roedores e baratas. Material de construção contendo amianto é outra das inquietações dos residentes

A população de Sobrado, em Valongo, tem à porta de casa um aterro onde é depositado lixo da União Europeia. E teme pela saúde

Parece “má sina”, desabafa Fernando Leal. “Custa-me respirar por doença profissional, mas quando vem o mau cheiro fico ainda pior”, conta o mineiro reformado, que não sabe se era mais difícil suportar o ar das minas ou agora o de Sobrado, freguesia de Valongo, onde vive a menos de 500 metros de um aterro de resíduos “supostamente” não perigosos. Numa área do tamanho de 12 estádios de futebol e com capacidade para 2 milhões de m3, são depositadas diariamente toneladas de lixo de 400 tipos diferentes — incluindo amianto —, muito do qual transportado da Holanda e do Reino Unido, países atraídos pelo baixo valor das taxas em Portugal.

Os relatos contra o “atentado ambiental” repetem-se, afinados, na vizinhança. Joaquim Soares conta que entre o Natal e o Ano Novo sentiu-se “um fedor que nem se podia abrir uma janela”, estranhando que o cheiro seja mais forte fora do horário de trabalho, por volta das 21h e de madrugada. Lindoro Bessa “desconfia” que alguém fica na lixeira privada da Recivalongo a fazer descargas que “não querem que a fiscalização apanhe”. Nelma Sousa, 36 anos, perdeu a conta ao número de queixas que fez para o SOS Ambiente. “Quando ligo dizem que já estão registadas”, comenta, avisando que os oito mil habitantes de Sobrado “estão fartos de ser o caixote de lixo do país e da Europa”. Maria de Lurdes, 64 anos, afiança que sempre foi saudável, mas agora usa “uma bomba” para respirar e, no verão, foi duas vezes ao posto médico com alergias por causa das picadas de insetos.

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