O vírus que está a assustar o mundo

Mais de 60 países já ativaram medidas de contenção para combate ao novo coronavírus chinês. Há voos cancelados, escolas e serviços públicos fechados e empresas encerradas
Mais de 60 países já ativaram medidas de contenção para combate ao novo coronavírus chinês. Há voos cancelados, escolas e serviços públicos fechados e empresas encerradas
Jornalista
Mais de 11 mil infectados e 259 mortos, todos na China. É o último balanço do surto do novo coronavírus (o 2019-nCoV) que já se alastrou a 25 países. Mais de 60 países já implementaram medidas contenção, desde a exigência de atestados médicos a quem desembarca de voos provenientes da China até ao cancelamento de voos ou encerramento de escolas, lojas e serviços. O objetivo é travar a propagação do 2019-nCoV.
Na quinta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o coronavírus como um caso de emergência de saúde pública de interesse internacional. E apesar da OMS não ter recomendado a restrição de viagens, o número de companhias aéreas e países que suspenderam voos para a China não para de aumentar. Em Portugal, o plano de contingência está ativado. Bombeiros, INEM e hospitais receberam normas que devem orientar os procedimentos de segurança em casos suspeitos.
Os Estados Unidos declararam emergência de saúde pública e anunciaram que voos vindos da China só têm autorização para aterrar em sete aeroportos americanos, onde será reforçado o controle de passageiros. O país anunciou também que a partir de domingo está vedada a entrada no país a cidadãos estrangeiros que tenham estado na CHina nos últimos 14 dias, período de incubação do vírus. Os americanos que não últimas duas semanas tenham passado por aquele território terão também de ficar de quarentena.
O Irão cancelou os voos de ida e volta para a China como medida preventiva face ao surto do novo coronavírus. Em comunicado, o porta-voz da Organização da Aviação Civil iraniana, Reza Jafarzadeh, anunciou ainda que serão "tomadas medidas", que não especificou, para transportar os passageiros iranianos que se encontram na China. No aeroporto internacional de Teerão, um grupo de médicos controla um por um todos os passageiros que chegam dos países da Ásia Oriental ou de regiões onde já foram confirmados casos de infeção pelo novo coronavírus. Caso sejam detetados passageiros com sintomas são transportados para centros de quarentena,
Macau está em "serviços mínimos". Sabe-se que estão encerradas escolas, serviços públicos, espaços culturais e deportivos, o comércio está parado e estão suspensas as duas ligações marítimas entre Macau e Hong Kong, estando previsto que as restantes possam também ser alvo de uma redução do número de viagens por tempo indeterminado. Como o Expresso já tinha avançado, a Direção dos Serviços Correcionais de Macau anunciou a suspensão, a partir de domingo e também por tempo indeterminado, das visitas a reclusos e jovens institucionalizados. Muitas empresas optaram também por encerrar temporariamente ou aconselhar os seus funcionários a trabalhar remotamente.
O Vietname cancelou a emissão de vistos para turistas oriundos da China que representaram, no ano passado, um terço do total de visitantes no território. O Governo criou também um "comité de crise" para concertar estratégias de contenção do vírus e suspendeu todas as ligações aéreas com a China. Porém, o país está preocupado com o impacto económico do surto e à semelhança da Tailândia e de Singapura já prepara medidas para minimizar o impacto económico do surto em sectores como o turismo ou as exportações.
A Tailândia está já sente a ausência de turistas do gigante asiático. O Governo aprovou na sexta-feira um pacote de medidas, que inclui a descida temporária de impostos e a facilitação de crédito a baixos juros para ajudar o setor turístico. As autoridades de Singapura reconheceram que o surto de coronavírus prejudicará o turismo e a economia, mas o país já fechou as suas fronteiras aos viajantes chineses ou que tenham estado na China nos últimos 14 dias, com exceção para habitantes com residência permanente ou nacionalidade.
Na Índia - que tem estado a evacuar os cidadãos que se encontravam em território chinês-, os passageiros que viajaram para a China recentemente estão a ser vigiados em relação aos sintomas característicos provocados pelo novo coronavírus, em pelo menos 20 aeroportos indianos. O Ministério da Saúde do país montou um plano de despiste ao vírus e reforçou a capacidade de resposta dos laboratórios habilitados para analisar casos suspeitos.
Algumas empresas com presença ou relações comerciais com o território chinês estão também a adotar medidas para evitar a propagação do coronavírus chinês, restringindo as deslocações dos seus funcionários ao território ou encerrando, temporariamente, as suas lojas no país. Tecnológicas como a Apple, Amazon, a Google e outras já anunciaram a limitação das deslocações ao país.
O patrão da Amazon, Jeff Bezos, anunciou que apenas as viagens críticas estão autorizadas e que os profissionais da empresa que regressem de regiões afetadas pelo coronavírus deverão trabalhar a partir de casa durante duas semanas, antes de regressarem aos escritórios da empresa. Facebook, Microsoft, Google e Apple estão a seguir protocolos semelhante, sendo que a última já anunciou o encerramento temporário das suas lojas na China.
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