Sociedade

Mães morreram mais em 2018 e não há uma razão evidente para isso

Mães morreram mais em 2018 e não há uma razão evidente para isso
Christian Bowen

Os dados revelam que, só em dezembro de 2018, morreram seis mulheres, tantas quantas em todo o ano de 2016

No ano passado morreram em Portugal 17 mulheres por complicações durante a gravidez, o parto e o puerpério (período de 42 dias após o nascimento da criança). A notícia, avançada pelo jornal “Público”, revela ainda que este total representa um aumento da taxa de mortalidade materna de 10,4 em 2017 para 19,5 mortes por cada cem mil nascimentos em 2018. Ou seja, de nove mortes em 2017 para 17 no ano passado.

Os dados do INE revelam ainda que, só em dezembro de 2018, morreram seis mulheres, tantas quantas em todo o ano de 2016. E a razão não é evidente. Houve mortes em grandes unidades de centros urbanos, como o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, o Amadora-Sintra ou o Garcia de Orta. E nem mesmo a idade das mulheres pode ser invocada como a razão para os óbitos, já que, segundo o INE, apenas três tinham mais de 40 anos; cinco tinham entre 25 e 29 anos e outras tantas estavam entre os 30 e 34.

Além dos óbitos de mulheres grávidas, em partos ou após o nascimento, o aumento das mortes perinatais, ou seja, de fetos com 28 ou mais semanas de gestação e os óbitos de nados-vivos com menos de sete dias (370 em 2018), o crescimento da mortalidade infantil (3,3 casos em cada mil nascimentos) e o surgimento de casos mediáticos de bebés com malformações devido a ecografias incorretamente realizadas, acompanhados do fecho das urgências pediátricas noturnas no Hospital Garcia de Orta, em Almada, estão a gerar alarme social.

Entrevista a Gonçalo Cordeiro Ferreira, presidente da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente

Por que razão a mortalidade materna voltou aos níveis dos anos 80?

Não se pode comparar o que não é comparável. Nos anos 80 não existia o SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito) e havia um sub-registo das mortes. Além disso, em 2018, a metodologia da contabilização das mortes maternas foi alterada, passando a seguir a orientação da OMS e incluindo mulheres com doenças prévias que, ao engravidar, aumentaram o risco de vida. Esta questão é complexa e tem de ser escalpelizada. Há um grupo de trabalho que está a aplicar a nova metodologia aos anos anteriores para perceber se o universo de base não seria maior do que se pensava. Mas, factualmente, estas mortes são trágicas.

A entrevista completa pode ser lida no semanário Expresso, desde sábado nas bancas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CAMartins@expresso.impresa.pt

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