Sociedade

Tancos. Juiz Ivo Rosa achava que não havia razões para PJ investigar PJM

Tancos foi assaltado na madrugada de 28 de junho de 2017
Tancos foi assaltado na madrugada de 28 de junho de 2017
Nuno Botelho

O magistrado fez atrasar a investigação durante cinco meses, por não ter autorizado a PJ a pedir às operadoras de telecomunicações as listas de tráfego das antenas de telemóvel do Montijo, Golegã, Entroncamento e Torres Novas

Expresso

O juiz Ivo Rosa provocou meses de atraso na investigação ao assalto a Tancos, por não autorizar diligências. O magistrado achava que a Polícia Judiciária (PJ) não tinha razões para investigar a sua congénere militar e não quis autorizar a análise de dados de tráfego das antenas de telemóvel, revela o “Público” esta segunda-feira.

A 24 de outubro de 2017, os inspetores da PJ decidiram pedir às operadoras de telecomunicações as listas de tráfego das antenas de telemóvel do Montijo, Golegã, Entroncamento e Torres Novas. Recorde-se: a chamada anónima para o piquete da PJM, a dar conta do paradeiro do armamento, havia sido feita do Montijo.

Ivo Rosa recusou o pedido do Ministério Público, o que fez atrasar a investigação, aponta o matutino. O juiz entendeu que analisar os dados de tráfego de todas as pessoas cujos telemóveis estiveram no raio de ação das antenas em causa era ilegal.

Mais: o juiz disse não haver motivos para a Judiciária civil andar desconfiada da sua congénere militar. “Além do alegado mal-estar entre PJ e PJM, dos autos [do inquérito] não consta que os telefones do piquete tenham sido utilizados por algum suspeito relacionado com os factos em questão”, defendeu.

O Ministério Público recorreu da decisão do juiz para o Tribunal da Relação de Lisboa, que cinco meses depois autorizou a quebra do sigilo das comunicações, considerando “absolutamente nuclear para a investigação” descobrir quem tinha feito o telefonema anónimo da cabine do Montijo. Foi através desta autorização que a PJ descobriu que a chamada foi realizada por um militar da PJM.

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