O juiz Ivo Rosa provocou meses de atraso na investigação ao assalto a Tancos, por não autorizar diligências. O magistrado achava que a Polícia Judiciária (PJ) não tinha razões para investigar a sua congénere militar e não quis autorizar a análise de dados de tráfego das antenas de telemóvel, revela o “Público” esta segunda-feira.
A 24 de outubro de 2017, os inspetores da PJ decidiram pedir às operadoras de telecomunicações as listas de tráfego das antenas de telemóvel do Montijo, Golegã, Entroncamento e Torres Novas. Recorde-se: a chamada anónima para o piquete da PJM, a dar conta do paradeiro do armamento, havia sido feita do Montijo.
Ivo Rosa recusou o pedido do Ministério Público, o que fez atrasar a investigação, aponta o matutino. O juiz entendeu que analisar os dados de tráfego de todas as pessoas cujos telemóveis estiveram no raio de ação das antenas em causa era ilegal.
Mais: o juiz disse não haver motivos para a Judiciária civil andar desconfiada da sua congénere militar. “Além do alegado mal-estar entre PJ e PJM, dos autos [do inquérito] não consta que os telefones do piquete tenham sido utilizados por algum suspeito relacionado com os factos em questão”, defendeu.
O Ministério Público recorreu da decisão do juiz para o Tribunal da Relação de Lisboa, que cinco meses depois autorizou a quebra do sigilo das comunicações, considerando “absolutamente nuclear para a investigação” descobrir quem tinha feito o telefonema anónimo da cabine do Montijo. Foi através desta autorização que a PJ descobriu que a chamada foi realizada por um militar da PJM.
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