Cinco de outubro de 2019, véspera de eleições legislativas. O dia é de reflexão e não há qualquer notícia sobre política nacional nos jornais, nas rádios ou nos noticiários televisivos. A lei cumpre-se, mas é cada vez mais difícil contornar o que se está a passar no mundo virtual. Há um vídeo que começou a circular nas redes sociais no final do dia anterior e que rapidamente se espalhou por todas as plataformas. Não é conhecida a sua proveniência, mas o número de pessoas a vê-lo e a partilhá-lo por toda a parte não para de aumentar. Em publicações no Facebook, tweets e retweets, histórias no Instagram. A informação é poderosa e ao próprio vídeo começam a juntar-se conteúdos criados por milhares de pessoas. Toda a gente está a comentar uma pretensa gravação feita em segredo, na qual dois candidatos fazem um pacto sobre como esperam governar Portugal nos próximos anos, e como esperam tirar partido da próxima legislatura para enriquecer. Depois de uma campanha com poucas novidades, esperavam-se resultados previsíveis. Mas agora tudo pode mudar, e tudo com recurso a um pequeno vídeo.
O ser humano é um animal visual, que se habituou a acreditar naquilo que vê mais do que em qualquer outra coisa, mas terá de mudar a forma como se comporta em relação aos seus sentidos. Porque a tecnologia que criou estará prestes a traí-lo. Depois do fenómeno de desinformação nas redes sociais — nomeadamente com recurso a fake news — e da ingerência russa nas eleições norte-americanas, há uma ameaça a crescer na sombra que pode fazer danos muito maiores. Mais perigosos do que os artigos em texto com títulos sensacionalistas que levaram ao crescimento da polarização em várias partes do globo, os deep fakes prometem ser um desafio de monta para todos. E podem ameaçar a democracia como a conhecemos.
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