Sociedade

Mais de um terço dos jovens em 30 países diz já ter sido vítima de ciberbullying

Mais de um terço dos jovens em 30 países diz já ter sido vítima de ciberbullying
TIAGO MIRANDA

Sondagem da UNICEF conclui que um em cada cinco jovens já faltou à escola por questões de violência. Números levam a organização internacional a pedir “medidas urgentes” para combater um fenómeno que consideram “preocupante”.

Mais de um terço dos jovens em 30 países diz já ter sido vítima de ciberbullying e um em cada cinco admite já ter faltado à escola por essa razão, conclui uma sondagem divulgada esta quarta-feira pela UNICEF e pelo representante especial do Secretário-Geral da ONU para a Violência contra a Criança.

Os resultados da sondagem foram obtidos através da U-Report, uma ferramenta gratuita de mensagens, criada numa parceria da UNICEF e que permite partilhar informação e testemunhos de forma anónima sobre várias questões. Através desta plataforma, 170 mil jovens entre os 13 e os 24 anos, de países como Albânia, Bangladesh, Costa do Marfim, Equador, França, Gâmbia, Jamaica, Kosovo, Serra Leoa, Vietname ou Zimbábue, participaram nesta sondagem, respondendo a perguntas sobre as suas experiências de bullying e violência online.

Portugal não foi um dos países envolvidos, mas segundo um estudo da UNICEF divulgado no ano passado 46% dos jovens portugueses com idades entre os 13 e os 15 anos afirmam ter sofrido ou ter estado em situações de bullying no ano anterior.

Segundo o comunicado da UNICEF, quase três em cada quatro jovens desta sondagem admitem que é nas redes sociais, como o Facebook, Instagram, Snapchat e Twitter, que o ciberbullying mais acontece. Já em relação à responsabilidade para a resolução do problema, 32% acham que a solução deve caber aos governos, 31% defendem que deveriam ser os jovens a solucioná-lo e 29% consideram que compete às empresas de Internet. “Quando perguntaram aos jovens quem deveria ser responsável pelo fim do cyberbullying, as opiniões foram igualmente divididas entre governos, fornecedores de serviços de Internet (sector privado) e os próprios jovens”, apontou Najat Maalla Mjid, representante especial do Secretário-Geral para a Violência contra Crianças.

"Independentemente da sua origem geográfica e do seu nível de rendimento, os jovens de todo o mundo denunciaram que estão a ser vítimas de bullying online, o que está a afetar a sua educação", disse Henrietta Fore, diretora executiva da UNICEF. Reconhecendo a gravidade da situação, que a organização considera "preocupante", foi lançado um apelo à "ação urgente" para "acabar com o bullying online e a violência nas escolas e nos seus arredores".

Já no ano passado, a UNICEF tinha lançado um manifesto, convocando governos, professores e pais para ajudarem a resolver o problema. Entre as medidas necessárias, está a recolha de informação "qualitativa e desagregada" sobre o comportamento online de crianças e jovens, assim como formação para professores e pais para "prevenir e responder ao cyberbullying e ao bullying, particularmente para grupos vulneráveis".

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ralbuquerque@expresso.impresa.pt

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