Fazendo eco da “overdose mediática” diagnosticada por Luís Marques Mendes na SIC quanto à gestão da greve que terminou ontem, também Rui Rio, no domingo à noite, veio acusar o Governo de “exagero”, “dramatização” e de montar “um circo com fins eleitorais”. O presidente do PSD reagiu à notícia do fim da paralisação dos motoristas de matérias perigosas pelo Twitter.
“Bastou o Governo parar com a dramatização e com as ameaças, e tudo se começou a resolver. Tal como com o dossier dos professores antes das europeias, voltamos a assistir ao exagero e à montagem de um circo com fins eleitorais - ao Governo a servir o PS em vez de servir Portugal”, escreveu Rio.
O líder social-democrata saudou os motoristas pela sua decisão de pôr fim à greve e conseguirem que volte a haver negociações e criticou o executivo de Costa. “O Governo, colado à ANTRAM, procurou aproveitar-se destes profissionais para tentar obter ganhos eleitorais. Não é politicamente aceitável e prejudicou desnecessariamente o País”, apontou.
Horas antes das palavras de Rio, também António Costa já havia acorrido às redes sociais para saudar a decisão do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP). “Saúdo a decisão de desconvocação da greve dos motoristas de matérias perigosas, formulando votos de sucesso para o diálogo que agora se retoma entre as partes”, escreveu o primeiro-ministro.
António Costa visita esta segunda-feira de manhã a Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) para avaliar as condições para declarar o fim da crise energética. A visita à ENSE está agendada para as 8h00 e, em seguida, o primeiro-ministro desloca-se, às 9h00, ao Comando Conjunto para as Operações Militares do Estado-Maior General das Forças Armadas, em Oeiras, seguindo depois para as instalações do Sistema de Segurança Interna (SIS).
Recorde-se: o Conselho de Ministros declarou a 9 de agosto a situação de crise energética, para o período compreendido entre as 23h59 desse dia e as 23h59 de 21 de agosto, para todo o território nacional.
Futuro ainda pode guardar novas greves
Caso as negociações com a Antram falhem, o SNMMP poderá voltar à greve. Essa possibilidade está acautelada na moção aprovada no domingo em plenário e que permitiu desconvocar a paralisação. Em todo o caso, futuras greves serão sempre “cirúrgicas”: às horas extraordinárias e ao trabalho aos feriados e fins-de-semana.
“Caso a Antram demonstre uma postura intransigente na reunião do próximo dia 20 de Agosto, [os associados reunidos em plenário deliberam] mandatar a direcção da SNMMP para continuar a desencadear todas as diligências consideradas necessárias na defesa dos motoristas de matérias perigosas, inclusive recorrendo à medida mais penalizante, a convocação de greves as horas extraordinárias, fins-de-semana e feriados até que os interesses dos motoristas sejam efectivamente assegurados”, lê-se na moção.
Após uma semana de greve, cumprem-se esta segunda-feira vinte e quatro horas de paragem na luta sindical dos motoristas. Amanhã, terça-feira, Antram e SNMMP vão encontrar-se à mesa de negociações, num encontro mediado pelo Governo.
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