O primeiro dia de greve dos motoristas está a decorrer com normalidade, sem incidentes e com fraca adesão, segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos Rodoviários (ANTRAM). Não há registo de grandes filas junto das bombas de combustíveis, à exceção de algumas zonas de Espanha, na fronteira.
Por volta da meia-noite desta segunda-feira, o porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, chegava ao piquete de greve em Aveiras, insistindo não sabia até quando esta paralisação poderia durar e que continuavam disponíveis para negociar.
Nas primeiras horas da manhã começavam a chegar mais camiões ao Centro de Logística de Combustível, onde se encontrava um forte dispositivo policial. Às 7h00 começaram a sair de Aveiras de Cima os primeiros camiões-cisterna para o cumprimento dos serviços mínimos. Na A1, o trânsito não dava também sinais de greve, notando-se apenas a presença de vários carros da GNR que escoltavam os veículos pesados de mercadorias rumo a Lisboa.
Numa das entradas, junto a uma das rotundas, estavam presentes alguns sindicalistas dos motoristas de matérias perigosas. O seu porta voz, Pedro Pardal Henriques, falava em “vergonha” pelo facto de os motoristas estarem a ser “subornados” pelos patrões para não aderirem à paralisação.
Junto ao local encontrava-se também um pequeno grupo de homens vestidos com coletes amarelos que vigiava, a partir de um ponto mais alto, as entradas e saídas de camiões de matérias perigosas da Companhia Logística de Combustíveis, em Aveiras.
Pardal Henriques denunciou que várias pessoas estavam a ser “subornadas pelas empresas para não exercerem o direito à greve”, ameaçando que os motoristas não iriam cumprir os serviços mínimos. Mas, entretanto, o porta-voz da SNMMP recuou e garantiu que seriam cumpridos os serviços mínimos.
ANTRAM quer Pardal Henriques afastado nas negociações
Entretanto, o porta-voz da ANTRAM, André Almeida, defendeu em declarações ao jornal “Público” que Pedro Pardal Henriques deveria afastar-se das negociações dos motoristas.
Apesar da ameaça de Pedro Pardal Henriques, a entrada e saída de camiões da Companhia Logística de Combustíveis continuava a fazer-se, aparentemente sem interrupções ou anomalias. As dezenas de sindicalistas que se encontravam junto da entrada principal aplaudiram os motoristas que circulavam em ritmo lento, enquanto apupavam outros que sabiam estarem a furar a greve.
Pelo meio, num primeiro balanço da greve, o primeiro-ministro realçou o facto de a paralisação estar a decorrer com “enorme civismo” e garantiu que não havia necessidade, para já, de avançar para a requisição civil, uma vez que estavam a ser cumpridos os serviços mínimos.
Porta-voz dos motoristas insiste em ilegalidades
O porta-voz dos motoristas de matérias perigosas anunciou, entretanto, que iria enviar provas de ilegalidades à Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Pedro Pardal Henriques e dois elementos do sindicato dos motoristas de matérias perigosas resolveram falar já perto da hora de almoço com um dos principais responsáveis da transportadora Paulo Duarte, o irmão António Paulo Duarte, à porta da Companhia Logística de Combustíveis.
Em declarações ao Expresso, o presidente do sindicato dos motoristas de matérias pesadas, Francisco São Bento, revelou que o responsável da transportadora Paulo Duarte “não mostrou qualquer abertura” para aceder ao pedido dos trabalhadores sobre o cumprimento dos serviços mínimos.
58 grevistas em quase 8 mil trabalhadores
Ao início da tarde, o porta-voz da ANTRAM revelou que até ao momento tinham sido apurados apenas 58 grevistas num universo de 50 empresas e quase 8 mil trabalhadores, frisando que esses números já incluíam dados fornecidos por quatro empresas de matérias perigosas.
Em Leça da Palmeira, em Matosinhos, o Expresso também teve oportunidade de constatar que apesar do forte aparato policial e da revolta manifestada por alguns grevistas, o ambiente se manteve sereno junto da refinaria.
No entanto, houve também sinais positivos em relação à conclusão desta greve. António Paulo Duarte, um dos administradores da empresa de transporte Paulo Duarte, adiantou que as próximas horas serão decisivas. “Tenho esperança de que a greve termine ainda hoje”, afirmou este responsável em declarações ao Expresso.
A ANTRAM exigiu, entretanto, uma requisição civil “urgente” por incumprimento dos serviços mínimos, apesar da garantia dada pelo sindicato dos motoristas de que estavam a ser respeitados.
O Presidente da República e o primeiro-ministro vão estão reunidos no Palácio de Belém para analisar a paralisação. Quase 439 postos não têm combustível, enquanto 545 postos não têm gasolina e 738 estão sem gasóleo.