Sociedade

Greve vai mesmo avançar. Plenário dos motoristas já terminou em Aveiras. “Nem um passo atrás!”

Greve vai mesmo avançar. Plenário dos motoristas já terminou em Aveiras. “Nem um passo atrás!”
Joao Girao

O plenário dos camionistas chegou ao fim. Foram duas horas de reunião e a decisão final é a esperada:a greve dos motoristas começa segunda-feira. “Nem um passo atrás!”, gritaram em uníssono os motoristas no exterior do edifício onde decorreu o encontro.

Greve vai mesmo avançar. Plenário dos motoristas já terminou em Aveiras. “Nem um passo atrás!”

Hugo Franco

Jornalista

A greve é para avançar, com serviços mínimos e por tempo indeterminado. Esta é a decisão dos dois sindicatos de motoristas que estiveram reunidos esta tarde, em Aveiras de Cima. Jorge Cordeiro, do sindicato independente, e Francisco São Bento, do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, falaram à vez, mas para dizer o mesmo.

Até haver uma resposta definitiva e uma proposta da Antram a greve é para avançar, garantem os representantes dos trabalhadores. A paralisação começa na segunda-feira.

Francisco São Bento reafirma que os motoristas só negoceiam com os patrões quando estes aceitarem a proposta de 900 euros de salário-base. Uma declaração que mantém o essencial do braço de ferro com a ANTRAM. Recorde-se que a associação patronal tem praticamente fechado o contrato coletivo de trabalho para 2020 com a FECTRANS, federação de sindicatos da CGTP, com um salário-base inferior.

Pedro Pardal Henriques
Joao Girao

Pedro Pardal Henriques, porta-voz do sindicato, afirmou no final do plenário estar convicto que o Governo e os patrões os vão convocar para conversar. “A greve mantém-se até isso acontecer.” Garante que a ANTRAM negou todas as propostas apresentadas pelos sindicatos e que se tem sentido protegida pelo Executivo de António Costa. “A postura deles tem sido irredutível.”

Questionado se esta greve colocava a opinião pública contra os dois sindicatos, disse não ter dúvidas de que os portugueses “compreendem” a sua luta. “O país não está em suspenso. Olha para estes motoristas como estando a ser injustiçados pelas empresas e pelo Governo.”

Sobre o cumprimento dos serviços mínimos, assegura que são os patrões que não estão a respeitar a lei, ao não enviar com 48 horas de antecedência as escalas. “Essas horas já passaram. É um atropelamento de tudo o que é legal. Só não fazemos melhor porque não nos estão a deixar fazer melhor.”

Tanto patrões como estes dois sindicatos têm dado sinais claros de que não vão ceder nas suas propostas, o que deixa este delicado dossier num impasse.

Joao Girao

Algumas centenas de motoristas de pesados estiveram presentes em Aveiras de Cima, no edifício da Junta de Freguesia. A organização deixou o Expresso e a Sic Notícias espreitar a lotação da sala onde decorre o plenário. Era difícil contabilizar exatamente o número de pessoas mas encontravam-se seguramente entre 200 a 400 motoristas na reunião.

O plenário dos motoristas de pesados durou mais de duas horas, sem qualquer sinal do que se passa no interior da sala - à exceção de algumas salvas de palmas.

À entrada, Francisco São Bento, presidente do sindicato dos motoristas de matérias perigosas, tinha dito ser “pouco provável” o adiamento da data da paralisação. Criticou também os serviços mínimos decretados pelo Governo que “são contra o direito à greve”. Garantiu ainda que os trabalhadores vão cumprir “escrupulosamente a lei”, e que não vai haver da parte deles qualquer tipo de violência ou falta de civismo.

À entrada do plenário em Aveiras de Cima
Joao Girao

Questionado sobre se algo poderia mudar até segunda-feira dia 12, respondeu: “Tudo é possível.” O dirigente reafirma que os motoristas de matérias perigosas querem um salário-base de 900 euros e que o trabalho extraordinário seja remunerado.


Mostrou ainda um documento em que diz revelar que as empresas, por iniciativa própria, estão já a distribuir os serviços mínimos aos trabalhadores, desrespeitando assim a lei. E a assumir uma requisição civil. “Estão de má fé. São os sindicatos que têm de distribuir os serviços mínimos 24 horas antes da greve.” Questionado se os sindicatos iriam prolongar a greve por várias semanas ou meses, respondeu: “Não precisamente.”

No pavilhão onde decote o plenário estarão umas poucas centenas de motoristas dos dois sindicatos. “Os lugares sentados estão todos ocupados e há muitas pessoas de pé”, garante um motorista que se encontra à porta da reunião que está vedada aos jornalistas.

Apesar da tensão dos últimos dias entre sindicatos, patrões e Governo, não existe qualquer tipo de cordão policial junto ao edifício. O edifício ao lado da sala da junta de freguesia é da GNR mas não há um só militar nas imediações.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: HFranco@expresso.impresa.pt

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