Sociedade

Pardal Henriques, advogado dos motoristas, faz queixa-crime na PJ

7 agosto 2019 17:10

Hugo Franco

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Jornalista

Rui Gustavo

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Foto de Pedro Pardal Henriques publicada na página de Facebook da empresa International Lawyers Associated

Vice-presidente do sindicato dos motoristas de matérias perigosas apresentou uma denúncia às autoridades sobre os esquemas de fraude fiscal que alega serem feitos pelas grandes empresas de transportes de pesados. Advogado das empresas fala em falsidades por parte de Pardal Henriques

7 agosto 2019 17:10

Hugo Franco

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Jornalista

Rui Gustavo

Rui Gustavo

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Pedro Pardal Henriques, porta voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas, apresentou uma queixa-crime na unidade que investiga os crimes económicos na Polícia Judiciária, esta quarta-feira.

Ao Expresso, o dirigente revelou que a denúncia é relativa àquilo que o sindicato denuncia como sendo os esquemas de fraude fiscal realizadas "por várias empresas representadas pela ANTRAM".

Entre elas encontram-se as cinco empresas que esta terça-feira avançaram com uma providência cautelar a pedir a ilegalidade do pré-aviso de greve dos motoristas. O advogado revelou o nome das empresas em causa: "São a Transportes Paulo Duarte, Atlantic Cargo, J Barroso, Alves Bandeira, Transfrota e Tiel", afirmou.

Na última semana, em entevista ao Expresso, Pardal Henriques já tinha referido que as instituições tuteladas pelo Estado devem intervir naquilo que apelida de esquemas de fraude fiscal praticados pelos patrões e que têm causado um prejuízo de vários milhões de euros anuais aos cofres do erário público.

"Os motoristas estão a reclamar não só o salário-base, mas também as horas suplementares e a fraude fiscal, ou seja, o pagamento que lhes é feito debaixo da mesa. E que lesa o Estado em 200 milhões de euros por ano. A grande responsabilidade de não atuar sobre estas ilegalidades é de instituições tuteladas pelo Governo. É um problema de todos os Governos dos últimos vinte anos, não só deste. As eleições são importantes para isto? Não é por acaso que este foi o ano com mais greves", respondeu na altura ao Expresso.

Esta terça-feira, em declarações à "Sic Notícias", o advogado reagiu à providência cautelar apresentada pelas cinco empresas: “Uma providência cautelar implicaria que, aquilo que estamos a fazer, não teríamos legitimidade para o fazer. Se a greve está consagrada na Constituição Portuguesa, custa-me muito a acreditar que qualquer tribunal fosse aceitar uma providência cautelar contra aquilo que está na Constituição. Nunca existiu uma providência cautelar em Portugal para bloquear o direito à greve."

Em reação à notícia, o advogado Carlos Barroso, que representa as empresas que avançaram com a providência cautelar, bem como outras do sector, fala em "falsidades" e critica duramente o dirigente do sindicato das matérias perigosas. "As empresas que o sr Pardal Henriques cita não são todas as que avançaram com a providência cautelar. É mais uma invenção dele, a somar às outras que tem feito e que não contribuem para a resolução do problema."

E acrescenta: "Em relação às horas extraordinárias, recordo que elas estão a ser pagas aos motoristas pela convenção coletiva, assinada pelo sindicato da CGTP. Ou ele ignora essa convenção ou está deliberadamente a faltar à verdade."

Carlos Barroso pede ainda a Pardal Henriques que explique os resultados das ações que o sindicato interpôs contra algumas empresas de transporte de matérias perigosas, "nomeadamente das cinco empresas em que já temos a sentença do tribunal".

E garante que o salário dos motoristas de pesados é de 1250 e não 630 como alega o sindicato. "É sobre esses 1250 que os trabalhadores vão receber o dinheiro da reforma ou de uma baixa e não sobre os 630". E conclui: "O acordo para o aumento de salários para 2020 é de 20%. Qual é o sector que tem um aumento de 20%?".