A Associação Nacional dos Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) acusa os sindicatos dos motoristas de manterem uma “postura de chantagem” e reitera que não aceita negociar com uma greve em cima da mesa.
“Da nossa parte, consideramos que é mais do mesmo. Esta contraproposta que os motoristas exigem é uma farsa que visa lavar a cara da opinião pública face a uma greve que é impopular”, afirma ao Expresso o porta-voz da ANTRAM, André Almeida, na sequência das declarações do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), que não chegaram esta noite a acordo com o Governo.
O responsável lamentou ainda que o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, tenha avançado uma proposta ao Expresso que foi apresentada esta segunda-feira em reunião com o ministro das Infraestruturas, que inclui um contrato coletivo de trabalho com duração de seis anos e com aumentos graduais de 50 euros.
“Estamos a falar de um aumento de 150 euros no salário base e mais de 300 euros com complementos. A ANTRAM não recuará nem um milímetro do acordo assinado em maio”, acrescenta André Almeida.
ANTRAM acusa sindicatos de rasgarem acordo
O porta-voz da ANTRAM acusa ainda os sindicatos dos motoristas de mentirem sobre o conteúdo do documento assinado a 17 de maio numa reunião quando foi discutida e agendada a greve, sublinhando que “assinaram esse acordo e rasgaram-no depois” pois têm noção do “poder incontornável” que têm nesta paralisação.
Segundo o porta-voz da ANTRAM, a associação tem em curso uma negociação com a Federação dos Sindicatos dos Transportes e das Comunicações (FECTRANS) que visa “melhorias substanciais” para os trabalhadores do sector e que inclui a discussão de pontos como os tempos das cargas e descargas, a forma como as cargas e descargas são feitas e o controlo das cargas nos portos. Assuntos que serão apresentados na terça-feira durante a reunião com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.
“O que for acordado com a FECTRANS, que inclui aumentos salariais e seguros médicos, será automaticamente excluído por lei para os trabalhadores filiados da SNMMP e SIMM”, sustenta André Almeida.
Esta segunda-feira, os sindicatos dos motoristas anunciaram que mantêm a greve com início na próxima semana, mas aguardam contrapropostas dos patrões. Antes, será realizado encontro com os associados a 10 de agosto para votar os pontos chave dessa contraproposta.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lpcoelho@expresso.impresa.pt