Sociedade

Centro de Saúde de Miranda do Corvo obrigado a reduzir horário de funcionamento por falta de enfermeiros

Presidente da Câmara de Miranda do Corvo enviou um ofício urgente à ministra da Saúde a alertar para a situação que coloca em risco o acesso da população a cuidados de saúde básicos. Miguel Baptista adverte que, perante a degradação dos serviços, é difícil as autarquias aceitarem a transferência de competências na área da saúde, no âmbito da descentralização

Centro de Saúde de Miranda do Corvo obrigado a reduzir horário de funcionamento por falta de enfermeiros

Isabel Paulo

Jornalista

Centro de Saúde de Miranda do Corvo vai passar a ter redução de horário de atendimento aos utentes, a partir desta sexta-feira, por falta de profissionais de enfermagem e de um elemento de segurança. O alerta foi dado pelo presidente da autarquia local, Miguel Baptista, que esta quarta-feira enviou um ofício à ministra da Saúde, Marta Temido, dando nota da sua preocupação pela situação que se vive no Centro de Saúde, que irá encerrar às 18h00 e não, como habitualmente, às 20h00.

Após a situação de rutura dos serviços ocorrida em dezembro de 2018, parcialmente corrigida, o presidente da Câmara de Miranda do Corvo foi informado pela Coordenadora da USF Trilhos Dueça, Marta Andrade, que devido à carência de dois enfermeiros e de um segurança, os serviços seriam novamente obrigados a reduzir o horário de funcionamento.

Para Miguel Baptista, a situação é “absolutamente insustentável, ao colocar em causa o acesso da população aos cuidados de saúde básicos, não só pelo encerramento antecipado dos serviços, mas também no horário de funcionamento da USF Trilhos Dueça”.

O autarca do PS refere que, numa altura em que se promove a transferência de competências na área da saúde para as autarquias, “a degradação dos serviços torna difícil aceitar qualquer transferência, uma vez que o Município não tem capacidade técnica e financeira para responder a situações como esta”. Miguel Baptista lembra que o concelho é considerado um território de baixa densidade, para os quais estão previstas medidas de diferenciação positiva e incentivo à fixação de população, lamentando, por isso, que a realidade comprove o oposto.

Miguel Baptista pede a intervenção urgente dos responsáveis, de forma a que se possa evitar um grave prejuízo para os mirandenses, adiantando ao Expresso que, se o pedido de reforço de profissionais de enfermagem não for atendido, a redução de horário irá prolongar-se por tempo indeterminado. A USF de Miranda de Corvo conta com seis profissionais de enfermagem, dois dos quais estão de baixa prolongada e uma enfermeira encontra-se a trabalhar em horário reduzido, situação que irá agravar-se no período ao longo do verão, com as férias rotativas de pessoal.

Esta não é a primeira vez que a USF de Miranda do Corvo entra em situação de rutura. Em dezembro último, uma centena de residentes organizou uma vigília junto ao Centro de Saúde, após o corpo clínico ter sido reduzido a metade, o que levou à redução do horário de atendimento e deixou cerca de 5.000 utentes sem médico de família.

O ano passado, lembra Miguel Baptista, duas médicas foram agredidas por utentes, “o que afetou não só as médicas alvo dos ataques, mas todo o pessoal”, tendo sido reivindicada a presença de um segurança em permanência. “Durante umas semanas foi destacado um segurança, mas a USF voltou a ficar sem vigilância passado pouco tempo”, conta o autarca, que espera uma resposta rápida do Ministério da Saúde.

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