Sociedade

Pavilhão Rosa Mota está quase pronto para tudo e com tapas nos óculos para ver melhor

Pavilhão Rosa Mota está quase pronto para tudo e com tapas nos óculos para ver melhor
D.R.

O emblemático edifício da Invicta regressa, em outubro, com novo nome, mais versátil, com mais conforto e condições para receber todo o tipo de eventos, mas com os 768 óculos da cúpula tapados

Uma capa de neblina estende-se pela manhã na cidade do Porto, onde, entre a bruma, começa a descobrir-se o novo rosto do Pavilhão Rosa Mota. Um pavão passeia, vigilante, atraído pelo barulho das máquinas e dos martelos que se faz ouvir estridentemente. Não é música, mas é o som da intervenção. Enquanto isso, um casal de turistas espanhóis fotografa a fachada do emblemático edifício da Invicta, fechado para obras de requalificação desde o final de 2007.

Ali, está a (re)nascer a Super Bock Arena, com uma lotação máxima para 8 mil pessoas, com 5500 lugares sentados num equipamento polivalente. A reconversão foi traçada para garantir o acolhimento de eventos culturais, desportivos e empresariais de grande escala - com destaque para o novo centro de congressos, bem como um auditório com capacidade para 500 pessoas ou um restaurante com vista para o lago.

A empreitada ficará concluída no final de setembro e está a cargo do consórcio “Círculo de Cristal”, formado pela construtora Lucios e pela PEV Entertainment, a quem a autarquia concessionou a exploração do pavilhão nos próximos 20 anos. Esta terça-feira, os responsáveis pelo projeto guiaram a comunicação social até aos bastidores de uma nova casa que respeita a herança arquitetónica, mas reforça as condições acústicas, o conforto, a climatização, a luminosidade e a sustentabilidade.

“O principal desafio foi mexer numa peça tão emblemática, com todas as dificuldades existentes para transformar o espaço, de forma a dar mais conforto, com características térmicas e acústicas mais adequadas para poder receber todo o tipo de eventos”, explicou um dos administradores do consórcio. Filipe Gonçalves destaca a “versatilidade” do equipamento requalificado, orçamentado inicialmente em 8 milhões de euros, mas “algumas surpresas” fizeram com que as contas derrapassem um “bocadinho”, sem ser revelado o custo final.

As surpresas começaram, desde logo, com a caixilharia do edifício inaugurado em 1952. “A caixilharia existente era para ser aproveitada e remodelada, mas rapidamente verificámos que o estado de degradação tão complicado não tornaria possível garantir as condições térmicas e acústicas. É toda nova”, justifica o administrador da “Círculo de Cristal”.

Uma das novidades, e grande “mais-valia para a cidade”, adianta, mora no piso -1, onde ficará instalado o novo centro de congressos e o auditório, além do foyer com 600 m2. “Era um piso que existia de forma muito limitada, usado essencialmente para arrumos. Não tinha uma cota que pudesse ser aproveitada para outros serviços. Teve de ser rebaixado, num trabalho de seis meses de escavação em rocha, e foi transformado para receber qualquer evento empresarial”, frisa o responsável. Também na cave, está a ser cozinhado o restaurante com vista para o lago, garantindo que a arena possa ter uma “utilização diária e não apenas esporádica”.

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A Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota irá contar com duas tribunas, nos pisos 1 e 3, além de uma bancada retrátil, o que garante a capacidade para 5500 pessoas sentadas, mas que, se for recolhida, faz crescer a lotação para 8 mil, libertando mais área disponível preenchida com lugares em pé. A isto juntam-se 23 camarotes para empresas, um elevador para pessoas com mobilidade reduzida e, no backstage, encontram-se oito camarins e balneários para os artistas.

“Um dos grandes desafios”, salienta Filipe Gonçalves, “foi a componente acústica”, o que levou à mais das notórias alterações. Embora a arquitetura exterior se mantenha intocável, a mudança mais significativa vem de dentro. A cúpula e a clarabóia vão estar escondidas por uma tela acústica, com os famosos 768 óculos tapados, para impedir a entrada de luz natural. “São exigências técnicas. Grande parte dos eventos exigem que não haja luminosidade natural nenhuma”, refere Filipe Gonçalves.

Se o tecto estará mais escondido, também é verdade que, a partir de outubro, o público terá a oportunidade de subir ao topo do pavilhão. “As pessoas vão ter a possibilidade de visitar o tecto de edifício, onde é possível ter uma vista de 360º sobre a cidade. Além das visitas, poderão também experimentar atividades radicais”, assegura Jorge Silva, outro dos administradores da “Círculo de Cristal”, para quem o “Porto está de parabéns”.

Já a pensar na inauguração, Jorge Silva, desvela estar a ser pensado um “evento referencial, mobilizador e que diga alguma coisa às gentes do Porto”, isto porque, conclui, “as pessoas estão com muitas expectativas e a cidade está animada com a reconversão”.

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