Sociedade

São Tomé. Mergulhadores portugueses ainda não conseguiram encontrar desaparecidos

Imagem cedida pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) que ilustra o local onde o navio encalhou, junto ao ilhéu da Tinhosa Grande, a sul do Príncipe
Imagem cedida pelo Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) que ilustra o local onde o navio encalhou, junto ao ilhéu da Tinhosa Grande, a sul do Príncipe
EMGFA

Entre São Tomé e o Príncipe, um navio naufragou com 72 pessoas a bordo - oito morreram e nove estão desaparecidas. A Marinha portuguesa enviou seis mergulhadores e dois fuzileiros equipados com 240 quilos de material com uma missão que ainda não está cumprida. Das águas só foram detetadas bagagens e sacos de arroz

Ao fim do primeiro dia das operações de busca ao largo da ilha do Príncipe, para procurar as nove pessoas que continuam desaparecidas depois de o navio Anfitriti ter naufragado na passada quinta-feira, os militares portugueses ainda não encontraram nenhum corpo. “Durante o dia de hoje, os mergulhadores da Marinha Portuguesa recolheram diversas bagagens a boiar junto à última posição conhecida do navio. Mas não foi encontrada nenhuma das nove pessoas ainda dadas como desaparecidas”, relata a Marinha este domingo.

A corrente fez o navio derivar quase 20 quilómetros do local onde naufragou, acabando por encalhar no ilhéu da Tinhosa Grande. O que até poderia ser uma ajuda para as operações, permitindo uma maior estabilidade do navio, acabou por mudar novamente. Ao longo de toda a noite de sábado, a ondulação “provocou o contínuo embate violento do navio naufragado contra as rochas do ilhéu, o que levou ao seu afastamento”.

Na zona onde se encontra o Anfitriti, que partiu de São Tomé com 72 pessoas a bordo a caminho do Príncipe, a profundidade máxima é de 15 metros. Ali foram encontrados destroços da embarcação, “nomeadamente malas de viagem e sacos de arroz”.

Os militares portugueses identificaram ainda um rasto de destroços para sul, o que os levou a estender as buscas até uma profundidade máxima de 20 metros, “com alcance visual até aproximadamente 50 metros de profundidade”. Na operação tem sido usado um robô subaquático (chamado ROV - Remote Operator Vehicle), que pode ser comandado a partir de um barco e tem capacidade de filmar debaixo de água, emitindo imagens em tempo real.

À superfície também decorrem buscas pelo navio patrulha Zaire, onde os seis mergulhadores e dois fuzileiros portugueses partiram no sábado de São Tomé até à zona onde a embarcação se encontra. Com dois drones, os fuzileiros recolhem imagens a partir do ar à procura de mais destroços, mas, sobretudo, dos nove desaparecidos para os poder entregar às famílias.

O Anfitriti (na mitologia grega Anfitrite era a deusa das águas do mar) costumava ser usado por residentes da ilha do Príncipe para irem até à capital fazer compras. Na quarta-feira à noite, zarpou do porto de São Tomé com 212 toneladas de carga, suspeitando-se que o excesso de carga possa estar na origem do naufrágio.

O Governo de São Tomé e Príncipe decretou três dias de luto, que começaram no sábado. “No decorrer deste período, a bandeira nacional será hasteada a meia haste e ficam suspensas todas as atividades culturais e recreativas de caráter oficial”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros, citado pelo jornal local “Téla Nón”.

Um desses dias de luto coincidirá com o 24.º aniversário da autonomia do Príncipe, que se comemora esta segunda-feira e que costuma ser celebrado já durante o fim de semana.

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