Sociedade

PR e ministra da Cultura lamentam morte de Graça Dias, “um pensador da cidade”

O Teatro Municipal Joaquim Benite, também designado por Teatro Azul, é uma das obras mais marcantes com o traço de Graça Dias
O Teatro Municipal Joaquim Benite, também designado por Teatro Azul, é uma das obras mais marcantes com o traço de Graça Dias
António Pedro Ferreira

Projetos do Pavilhão de Portugal na Expo de Sevilha, em 1992, e do Teatro Azul, em Almada, estão entre os destacados por Marcelo Rebelo de Sousa e Graça Fonseca

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentaram esta segunda-feira a morte de Manuel Graça Dias. O arquiteto morreu no domingo à noite, num hospital em Lisboa, aos 66 anos e o velório realiza-se esta segunda-feira à tarde na Basílica da Estrela, na capital.

"Uma vida inteira de dedicação ao seu trabalho, grande parte em parceria com Egas José Vieira, torna quase injusto destacar apenas algumas das suas obras mais notáveis – e foram tantas – e que mereceram prémios, menções honrosas, distintas nomeações nacionais e internacionais", refere Marcelo Rebelo de Sousa numa nota de pesar.

Para o PR, "é inevitável lembrar que o projeto do Pavilhão de Portugal na Expo de Sevilha em 1992 a ele o devemos, tal como o projeto do Teatro Municipal de Almada, a sede da Ordem dos Arquitetos (a qual dirigiu entre 2000 e 2004) e o comissariado da representação de Portugal na VIII Bienal de São Paulo, momento em que Manuel Graça Dias elevou o nome de Portugal no panorama internacional da arquitetura".

O chefe de Estado recorda ainda que Manuel Graça Dias foi condecorado em 2006 com a Ordem do Infante D. Henrique, "não apenas pelo conjunto da sua obra, mas por uma carreira dedicada também ao ensino, à crítica de arquitetura em jornais, programas de rádio e televisão, onde ensinava, falava e discutia com indisfarçável entusiasmo a paixão de uma vida".

A ministra da Cultura, por sua vez, fala do desaparecimento de "um pensador da cidade para as pessoas e da arquitetura enquanto disciplina estética".

Em comunicado, Graça Fonseca recorda que Manuel Graça Dias abriu, com Egas José Vieira, o ateliê Contemporânea, que constituiu "uma das mais influentes assinaturas da arquitetura contemporânea em edifícios públicos que revelam uma preocupação sobre a passagem do tempo enquanto elemento constitutivo de uma relação atenta aos usos diferenciados e às transformações estéticas, sociais e urbanísticas das cidades".

"Devemos-lhe a assinatura de obras como a sede da Associação dos Arquitetos Portugueses (1991), em Lisboa, o Teatro Municipal de Almada (2005), a Escola de Música, Artes e Ofícios de Chaves (2004-2008) e, mais recentemente, a requalificação do Teatro Lu.Ca(2018), em Lisboa", destacou.

Ao longo dos anos, Manuel Graça Dias foi acompanhando a evolução das cidades através de projetos que propunham reorganizações do espaço público, adaptando, concebendo ou estruturando os seus projetos, tornando-os estéticos e funcionais.

"A originalidades dos interiores e a alegria da cor foram, simultaneamente, uma marca do seu trabalho, numa atenção à conjugação dos detalhes, que pode ser vista e vivida, por exemplo, no restaurante italiano Casanostra, em Lisboa, ou no azul do Teatro, em Almada", destacou a governante. E foi com o Pavilhão de Portugal, na Exposição Universal de Sevilha, em 1992, que o arquiteto ficou reconhecido como tendo marcado "definitivamente o pós-modernismo português".

Arquiteto, mas também professor, teórico, curador e "empenhado defensor de uma política para a arquitetura", sublinhou a ministra. Manuel Graça Dias era atualmente professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e na Universidade Autónoma de Lisboa.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate