Sociedade

As dez medidas do Governo para “robustecer” o combate à violência doméstica

As dez medidas do Governo para “robustecer” o combate à violência doméstica
Horacio Villalobos - Corbis/ Getty Images

Entre as medidas está a possibilidade de unificar no mesmo tribunal as decisão das causas em matérias de responsabilidades parentais (tribunal de família e menores) e a em matéria de violência doméstica e maus-tratos (tribunal criminal)

As dez medidas do Governo para “robustecer” o combate à violência doméstica

Marta Gonçalves

Coordenadora de Multimédia

As dez medidas aprovadas

1 - Harmonização e interoperabilidade das bases de dados oficiais sobre violência doméstica;

2 - Plataforma comum para acompanhamento das vítimas;

3 - Elaboração de um manual de procedimentos para as primeiras 72 horas após a apresentação de queixa que integre a elaboração de planos de segurança por profissionais especializados relativamente às vítimas adultas e menores, e a audição de vítima e agressor em dias diferentes;

4 - Comunicação às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco;

5 - Comunicação de desenvolvimentos processuais entre MP e Forças de Segurança;

6 - Reforço e diversificação da formação, apresentação de um programa de formação conjunta (para o qual existe desde já um pacote de financiamento);

7 - Alargamento da criação de gabinetes de apoio às vítimas nos departamentos de investigação e ação penal;

8 - Reestruturação do Serviço de Informação a Vítimas de Violência Doméstica, garantindo o atendimento especializado 24 horas por dia, e abrangendo um serviço de apoio em situações emergência;

9 - Definição de um procedimento de registo, tratamento e partilha de dados sobre situações de violência doméstica sinalizadas no sistema de saúde português;

10 - Criar um grupo de trabalho no sentido de estudar, na sequência da recomendação do GREVIO [Grupo de Peritos sobre o Combate à Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica do Conselho da Europa], a possibilidade de, no atual quadro constitucional, se implementarem soluções que permitam a unificação num mesmo tribunal, de competência mista, da decisão das causas em matérias de responsabilidades parentais, violência doméstica e maus-tratos.

No primeiro dia de luto nacional pelas vítimas da violência doméstica, assinalado esta quinta-feira, foram aprovadas dez novas medidas precisamente para reforçar e combater a violência contra as mulheres e a violência doméstica. Esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo deu luz verde a um conjunto de alterações que visa definir “mecanismos que vêm robustecer a eficácia da tutela penal relativamente à proteção das vítimas e ao sancionamento das pessoas agressoras”.

As medidas preveem a recolha e cruzamento de dados quantitativos, o aperfeiçoamento dos mecanismos de proteção da vítima nas 72 horas após a denúncia de crime, o reforço e diversificação dos modelos de formação - incluindo ainda áreas de intervenção como a sinalização, atendimento e apoio a vítimas e da capacitação das forças de segurança. Também ao nível da resposta judicial - que foi recentemente criticada pela Associação de Apoio à Vítima (APAV) -, o Governo pretende criar um grupo de trabalho para estudar a possibilidade de unificar no mesmo tribunal as decisão das causas em matérias de responsabilidades parentais (tribunal de família e menores) e a em matéria de violência doméstica e maus-tratos (tribunal criminal).

Em 2019, já 12 mulheres morreram vítimas de violência doméstica. Na noite desta quarta-feira, mataram duas: uma mulher no Seixal, outra em Vieira do Minho.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mpgoncalves@expresso.impresa.pt

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