A Porto Editora nega que tenha censurado a “Ode Triunfal”, de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa) e justifica a omissão de três versos dizendo que o texto “está disponível na íntegra” mas apenas na versão do manual escolar destinada aos professores.
“Nesta versão, as autoras sinalizam ao professor quais os versos que se encontram omitidos na edição do aluno. Assim, os docentes podem decidir se abordam em contexto de sala de aula – e de que forma – versos que têm linguagem explícita e se relacionam com a prática da pedofilia”, pode ler-se na nota. “Na edição disponível para os alunos, o poema "Ode Triunfal" encontra-se transcrito na íntegra, com exceção dos três versos referidos (versos 153, 169 e 170). No entanto, a indicação de que os versos foram cortados é visível tanto graficamente (linhas a tracejado) como através da numeração das linhas”, acrescenta a Porto Editora.
A editora insiste que “não há qualquer censura à obra de Fernando Pessoa” e que se trata apenas de “uma preocupação didático-pedagógica” que deixa ao critério dos professores “a abordagem mais adequada junto dos seus alunos”.
Desde domingo que o Expresso contactou a Porto Editora, que remeteu resposta para esta segunda-feira, por necessitar de verificar o caso e falar com os autores, Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães. Esta segunda-feira, após novas tentativas, não foi possível o contacto. No entanto, ao “Jornal de Notícias” a editora recusou ter censurado a obra e, entretanto, divulgou apenas uma nota de esclarecimento no seu site.
Este sábado, o Expresso noticiou que do manual “Encontros”, indicado para o ensino de português do 12º ano (alunos pelo menos de 17 anos), três versos da “Ode Triunfal” desapareceram da versão original da obra escrita por Fernando Pessoa sob o heterónimo Álvaro de Campos.
A “Ode Triunfal” não é um texto obrigatório no 12º ano. Segundo as “Aprendizagens Essenciais” definidas pelo Ministério da Educação, no módulo sobre Fernando Pessoa, cabe ao professor escolher seis poemas do ortónimo, mais dois de Alberto Caeiro, três de Ricardo Reis e outros três de Álvaro de Campos.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mpgoncalves@expresso.impresa.pt