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Portugal pode ter de aceitar hora única

Portugal pode ter de aceitar hora única

Se a proposta de Bruxelas passar, Portugal terá de optar entre o horário de Verão e de Inverno. Se Costa quiser continuar a acertar o relógio duas vezes por ano terá de encontrar aliados no Conselho

Portugal pode ter de aceitar hora única

Susana Frexes

Correspondente em Bruxelas

António Costa é, para já, uma das vozes mais claras a dizer que a mudança sazonal da hora deve ser mantida, pelo menos em Portugal. Mas se a Diretiva que Bruxelas pôs em cima da mesa for adotada, o país e os restantes Estados Membros deixam de poder acertar o relógio duas vezes por ano, a partir de outubro de 2019.

A Comissão Europeia quer dar às capitais liberdade de escolha entre o horário de Verão e o de Inverno, mas não a opção de uns continuarem a ter mudança de hora e outros não. Ou mudam todos ou não muda nenhum. Bruxelas defende que a possibilidade de alguns países continuarem a ter mudança de hora poderia perturbar o funcionamento do mercado interno, que foi também a razão que antes levou à imposição da mudança coordenada da hora.

O assunto está já a ser debatido a nível técnico entre países. Ao Expresso, fonte da presidência austríaca da União Europeia diz que "o objetivo nesta altura é estruturar o debate e discutir todas as opções com os Estados Membros". Mas ainda não é claro para que lado pende a vontade da maioria. Países como França, Itália e Espanha não chegaram ainda a uma posição sobre o tema. No caso de Madrid, o Governo de Pedro Sánchez mostra abertura para deixar avançar a proposta da Comissão, mas antes de tomar a decisão final, vai primeiro ouvir uma comissão de especialistas.

Costa apoia-se também nos técnicos. "Se a ciência entende que o regime horário mais adequado é este, quem sou eu para dizer o contrário?", disse em entrevista à TVI, deixando claro que pretende seguir a posição defendida pelo Observatório Astronómico de Lisboa.

Um entendimento que colide com o do executivo de Jean-Claude Juncker, que entre as razão para acabar com as mudanças sazonais inclui "os efeitos negativos para a saúde, o aumento dos acidentes rodoviários e a inexistência de poupanças de energia". Países como a Finlândia têm pedido a Bruxelas que ponha termo a este regime, e a consulta pública realizada este verão foi a gota de água que acelerou a apresentação da nova proposta: 84% dos 4,6 milhões de participantes, sobretudo alemães, apoiaram o fim da mudança de hora.

De acordo com fonte diplomática, será difícil para alguns Estados ignorarem os resultados da consulta. No entanto, a aprovação da diretiva depende do Parlamento Europeu e dos Estados Membros, que vão decidir por maioria qualificada. E é aqui que Portugal poderá travar o processo e encontrar aliados.

A passagem para um só horário não está isento de dificuldades e implica também uma coordenação, sobretudo entre países vizinhos. É o que pretendem fazer Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Na Galiza, há quem defenda que Espanha deveria ter a mesma hora de Portugal.

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