Sociedade

Pedro Arroja: “Governo põe ao lixo 700 mil euros e atira Centro Pediátrico para as calendas gregas”

Líder da associação 'Um Lugar para o Joãozinho' adverte que São João já pagou 700 mil euros por projeto arquitetónico da ala pediátrica contratualizada com o anterior Governo. Oliveira e Silva, presidente do CA do hospital, aguarda parecer jurídico para aproveitar projeto existente antes de lançar concurso autorizado pelo Governo

Pedro Arroja: “Governo põe ao lixo 700 mil euros e atira Centro Pediátrico para as calendas gregas”

Isabel Paulo

Jornalista

“Pedro Arroja defende ser “um erro político e um passo atrás” começar zero o projeto do Centro Pediátrico do Hospital de São João, processo que entre o lançar do concurso público para a “concepção e projeto", autorizado esta quarta-feira pelo Governo, e a finalização da obra “demorará entre seis a sete anos”.

O presidente da associação 'Um Lugar para o Joãozinho' lembra que já existe um projeto arquitetónico que custou 700 mil euros ao Conselho de Administração do hospital e “vai custar aos doentes longos anos de más condições em instalações provisórias”. Pedro Arroja lamenta que o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e o presidente do Conselho de Administração do São João, António Oliveira e Silva, tenham “atirado areia para os olhos” dos familiares e pacientes do hospital quando há quatro meses disseram que havia dinheiro para arrancar com a obra, só faltando o visto do Ministério das Finanças.

“Entre o concurso público de um novo projeto de conceção arquitetónica, mais concurso internacional de construção e o seu arranque vão decorrer no mínimo três anos e mais outro tanto ou mais para a edificação”, refere Pedro Arroja, que adianta ainda que a Associação tem contrato firmado com o anterior Governo e a administração do São João para a construção da ala pediátrica.

“Já fizemos e pagámos obra no valor de meio milhão de euros, e o consórcio Lucius/Somague tem lá o estaleiro montado e pronto a fazer a obra numa semana”, frisa o economista, convicto que o Governo e administração do São João não podem rasgar contratos sem custos.

“Só se a humanidade perdeu a racionalidade é que os ministérios da Saúde e Finanças vão deixar a Associação Joãozinho de fora da solução”, conclui.

Apesar de António Oliveira e Silva ter cessado as conversações com o líder da Associação Joãozinho, o administrador do Centro Hospitalar de São João, no Porto, está a “auscultar os serviços jurídicos” sobre a possibilidade de poder aproveitar o projeto existente para a construção do novo Centro Pediátrico, anunciou hoje o presidente da administração daquele hospital.

Oliveira e Costa congratula-se com a publicação, em Diário da República, do despacho governamental que autoriza o hospital a lançar um concurso para a conceção e construção das novas instalações, mas embora considere que o projeto existente, já com dez anos, está “obsoleto”, defende que lhe “facilitava a vida” poder trabalhar a partir dele. “Há estruturas e infraestruturas que vão ser comuns e tudo que seja queimar etapas do processo “é bom”, sublinhou em conferência de imprensa, no Porto.

Nem sádicos nem impenitentes

O hospital “tem as peças preparadas” para lançar o concurso público dentro de três semanas, porque “grande parte” do trabalho está feito, referiu à Lusa, acrescentando que “há o máximo interesse da instituição em avançar de imediato” com o processo de concessão e construção do projeto. ”Não somos nenhuns sádicos e impenitentes que estejamos a usar algum artifício para adiar o lançamento da obra, o nosso interesse é fazer a obra o mais rapidamente possível”, salientou.

Ao contrário de Arroja, António Oliveira e Silva estima que dentro de “três ou quatro anos” possa vir a ser possível inaugurar as novas instalações e acredita que o Governo de António Costa está de “boa fé” senão não tinha avançado com o despacho conjunto rubricado pelos ministérios das Finanças e Saúde.

O presidente da administração concluiu ainda que o Governo não ia fazer um despacho a lançar a autorização para um concurso de concessão se não tivesse subjacente a autorização de construção. “É um dia de imenso orgulho para nós, Centro Hospitalar de São João, mas principalmente para crianças, familiares e profissionais de pediatria que há tanto tempo esperam por isso”, ressalvou.

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