Sociedade

Paulo Pedroso vai receber €503 por cada dia na cadeia: “Nem que fosse só um euro”

Paulo Pedroso, antigo ministro do Trabalho no Governo de António Guterres.
Paulo Pedroso, antigo ministro do Trabalho no Governo de António Guterres.
António Pedro Ferreira

“Era o que faltava o Estado não indemnizar o meu cliente”, diz Celso Cruzeiro, advogado de Paulo Pedroso. “Isto não é a República das Bananas”

Paulo Pedroso vai receber €503 por cada dia na cadeia: “Nem que fosse só um euro”

Rui Gustavo

Jornalista

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado português a pagar 68 mil euros de indemnização a Paulo Pedroso pelos quatro meses e meio que passou em prisão preventiva por causa do processo Casa Pia. 503 euros por cada dia que passou preso.

"Já falei com o meu cliente. Avisei-o de que as indemnizações do Tribunal europeu são baixas mas ele disse-me: nem que fosse só um euro. O importante era repor a ilegalidade", diz Celso Cruzeiro, advogado do ex-ministro do Trabalho e da Solidariedade. "Ele está satisfeitíssimo."

Paulo Pedroso é atualmente funcionário do Banco Mundial em Washington e não respondeu aos telefonemas e mensagens do Expresso.

Em maio de 2003 Paulo Pedroso foi preso preventivamente sob suspeita de abuso sexual de menores internados na Casa Pia. Passou quatro meses e meio em prisão preventiva até que a Relação de Lisboa deu-lhe razão num recurso e mandou-o em liberdade. Mesmo assim, em dezembro do mesmo ano, Paulo Pedroso foi acusado de 23 crimes de abuso sexual.

A acusação caiu na fase de instrução e Pedroso não chegou a ser julgado. A vítima que o acusou serviu para condenar, por exemplo, Carlos Cruz.

Em outubro de 2004 a defesa fez um pedido de indemnização no Tribunal Cível de Lisboa que lhe atribuiu 160 mil euros. A decisão seria revogada pela Relação e, depois, pelo Supremo Tribunal de Justiça que considerou não ter havido "erro grosseiro" na prisão do ex-deputado socialista.

"A decisão do Tribunal europeu dos Direitos do Homem tem cabeça tronco e membros e vem finalmente por um ponto final no processo", insiste Celso Cruzeiro. "A prisão foi ilegal e o que a decisão do tribunal europeu vem dizer é que não faz sentido afirmar que houve erro, mas como não foi grosseiro não há lugar a indemnização. Era o que faltava ao Estado não indemnizar o meu cliente. Isto não é a República das bananas".

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