As câmaras de objetivas intermutáveis sem espelhos, mais conhecidas por mirrorless, ou CSC (Compact System Cameras), têm vindo a evoluir muito rapidamente e já há uma variedade muito apreciável de opções no mercado. Mas, regra geral, as câmaras mirrorless fazem algumas concessões relativamente às melhores reflex profissionais: ou têm sensores grandes e velocidade mais baixa ou grande velocidade e sensores mais pequenos. A Sony A9 é a primeira mirrorless a juntar as duas características. Tem um sensor full frame de elevada resolução e uma grande velocidade de operação. É, portanto, a primeira CSC que compete com as melhores reflex para atrair profissionais de áreas como a fotografia de desporto e de casamentos.
Grande, mas ergonómica
Apesar de grande para uma CSC, é muito mais compacta e leve que, por exemplo, uma Canon 1Dx II ou uma Nikon D5. Pode ser também muito mais silenciosa, devido à possibilidade de usar apenas o obturador eletrónico. Duas características importantes tanto para o repórter desportivo, que transporta menos peso, como para o fotógrafo de casamentos, que pode trabalhar de modo menos intrusivo.
Uma das características mais revolucionárias é o visor eletrónico. Não tanto pela elevada resolução, mas mais pela velocidade de resposta. Não há momentos a negro entre fotos, um dos “últimos bastiões” das reflex. Por outro lado, não é possível usar os menus quando as imagens em buffer estão a ser gravadas no cartão, uma falha mais importante do que possa parecer à primeira vista para o público-alvo desta câmara.
Os comandos estão bem distribuídos, com muitos comandos diretos e botões programáveis. Gostámos particularmente das rodas para alterar o modo de focagem e a compensação de exposição. Mas as capacidades táteis do ecrã são muito limitadas. Talvez por isso a Sony tenha optado por trazer o tátil desativado de origem (é preciso ativar via menu).
A qualidade de imagem é extraordinária. É incrível como vamos descobrindo detalhe quando ampliamos as fotos no computador. Mesmo com valores ISO que seriam considerados ficção científica há alguns anos, conseguimos obter imagens muito satisfatórias – usáveis pelo menos até ISO 32000. Num dos testes, fomos fotografar um jardim durante a noite, com diferenças de luz assinaláveis e os resultados são “estonteantes”. De tal modo que um dos fotógrafos profissionais com quem trabalhámos usou o termo “bruxedo”.
A máquina é muito rápida em operação. O modo de foco contínuo dá-nos segurança quando a fotografar/filmar motivos em movimento. O estabilizador de 5 eixos evita o tripé em muitas situações, mas não chega ao nível da Panasonic GH5 e Olympus E-M1 II. O 4K é, na realidade, resultado de uma captura no sensor a 6K, o que gera vídeos com muito detalhe e nitidez. O codec XAVC/S a 100 MB/s, os modos de câmara lenta, a entrada para micro externo e saída para auscultadores fazem da A9 também uma excelente câmara de vídeo.
Em suma, a Alpha 9 é uma câmara marcante. Em alguns aspetos, pode ser considerada a melhor câmara do mercado. Mas será que faz realmente sentido? O preço é verdadeiramente proibitivo e consideramos que uma das grandes vantagens das CSC é o C de compacto. Nesta câmara, o sensor full frame traz qualidade extra, mas também significa que as objetivas com maior distância focal são grandes e pesadas
Preço: €5.300
Sensor: CMOS Full Frame 24 MP
Objetivas: Sony E
Sensibilidade ISO: 50-204800
Velocidade de obturação: 1/32000 a 30 seg.
Foto contínua: 20 fps
Ecrã: 3” tátil articulável
Visor: eletrónico
Vídeo: 4K (25/24p)
Conectividade: Wi-FI AC, Dual SD
Dimensões: 127x96x63 mm
Peso: 650 g
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