Estudar sem desculpas
Se em casa não há concentração, na rua não há desculpas para que este ano letivo esteja preenchido de bons momentos de estudo
Se em casa não há concentração, na rua não há desculpas para que este ano letivo esteja preenchido de bons momentos de estudo
Jornalista
É como se fosse um ano novo em que se pode começar tudo do zero. Os cadernos limpos, as sebentas por sublinhar e os sonhos na cabeça dos estudantes. É o regresso às aulas e se os universitários não ganham motivação por terem um estojo novo com a personagem da moda, vão buscá-la a outro lado. Há os que preferem ficar a estudar em casa e depois há os outros. Os que procuram o silêncio das bibliotecas, o barulho de um café, ou a companhia de uma sala de estudo cheia.
Nesta altura do ano, a primeira imagem que surge é a das capas negras em Coimbra. Por excelência a cidade dos estudantes. Contudo, pelo centro do país há tanto de ambiente de estudo como de festa e de distração. De forma a não ficar mais tempo que o necessário a ouvir tunas, são vários os sítios onde os alunos se podem preparar para os exames. A Biblioteca Municipal de Coimbra é um dos sítios de eleição dos estudantes, que em momentos de pausa podem aproveitar para ver algumas das exposições que por lá habitam, mas apenas até às 19h30. Há alunos que durante a época de exames invertem os horários de estudo e preferem fazê-lo pela noite dentro. A sala de estudo da Associação Académica de Coimbra está aberta 24 horas e tem as condições necessárias para que se estude e até se possa trocar apontamentos. Ainda por Coimbra, perto do estádio, há uma livraria onde se pode fazer muito mais que comprar livros. Uma obra de Manuel Aires Mateus fez da Almedina um espaço de cultura. Uma livraria e cafetaria onde muitos estudantes aproveitam para estudar.
Ainda no centro do país, a Universidade Aveiro fez uso do conhecimento em vez da tradição e sagrou-se um conhecido polo universitário. Por esta altura, a Biblioteca da Universidade de Aveiro começa a ter muitos visitantes, munidos de canetas e papéis, para poderem apontar e reter todo o repositório académico que por lá se encontra. Aberta até às 22h, é o sítio ideal para quem gosta de ter horários mais convencionais durante o estudo. Açúcar e cafeína é muitas vezes o cocktail que os jovens usam para sobreviver a temporadas de estudo intensivo. O Monlou tem sabido usar esta técnica e serve muffins, bolos e uma panóplia de cafés, num espaço acolhedor e cuja luz natural é aproveitada por aqueles que querem estudar de barriga cheia. Se os estudantes de Coimbra têm as festas a distraí-los das responsabilidades, em Aveiro é a proximidade às praias da Costa Nova que pode afastar os universitários do fundamental em dias de sol. Mas, se o défice de vitamina D não estiver a permitir a concentração, há a esplanada do Fonte Nova, que até às duas da manhã tem, a partir de uma plataforma de madeira, vista para o canal. E uma ementa que permite aos estudantes livrarem-se do pesadelo da massa com atum durante uma ou outra refeição.
Na capital do país os estudantes chegam e espalham-se pela cidade. Entre públicas e privadas, há universidades em todos os lados e, por isso, também se reproduzem os sítios para estudar. No centro de Lisboa, junto à Cidade Universitária, o famoso Caleidoscópio do Jardim do Campo Grande tornou-se o ano passado uma sala de estudo 24h com wi-fi. Os estudantes veem a vantagem de ali poderem ficar independentemente das horas, mas também a proximidade ao McDonald’s, que os vai alimentando nos intervalos. Para os que gostam da imagem bucólica dos jardins, mas preferem afastar-se da comida de plástico, a esplanada e os jardins da Calouste Gulbenkian tornam-se um bom poiso para os livros. Ainda no espaço da fundação, há para os alunos de artes uma biblioteca recheada de tesouros na área. Se o silêncio é condição para o estudo, mas a área não é a artística, há bem perto do Campo Pequeno a renovada Biblioteca Palácio das Galveias. A antiga casa de campo dos Távoras, que ainda conserva alguns pavões, reabriu com sala do silêncio e outra onde se pode fazer algum barulho. Mas também três salas que podem ser requisitadas de forma gratuita. À semelhança de Aveiro, também a proximidade à praia e às muitas distrações pode dificultar o trabalho dos estudantes lisboetas. Mas, se a necessidade de ar livre for muita, há no parque Eduardo VII a Linha D’Água. Um espaço desenhado por Gonçalo Ribeiro Telles e cuja esplanada respira da paz do espelho-lago e da calma do Jardim Amália. Ainda que quase sempre cheio, o espaço costuma ser silencioso.
Também terra de tradição académica e de múltiplos cursos, o Porto tem alargado os espaços de estudo para fora das universidades e bibliotecas. Alguns deles verdadeiramente inspiradores e capazes de tornar o momento de estudo num momento de prazer. Serralves é um deles. Ler um livro na imensidão dos jardins, fazer uma pausa no salão de chá ou requisitar um livro na biblioteca. Todas as atividades que dizem respeito ao estudo podem ser ali feitas. Outro que se pode incluir nesta categoria sem desculpas é a Casa da Música. O Café, daquele espaço, tem música ambiente, wi-fi e uma cafetaria para preencher os momentos de pausa. Como distração apenas a bastante provável possibilidade de se cruzar com alguns dos músicos preferidos. Repetir: Cafeína. Para quando as pálpebras tendem a sucumbir com o peso da gravidade ou para quando os bocejos são mais frequentes que os virar de páginas. No Moustache Café há muita dessa poção mágica combinada de várias formas. Bem no centro da cidade e com vista para a Praça Carlos Alberto, o café intimista é um ponto de encontro da cultura e ideal para quem gosta de estudar sem silêncio. Os estudantes das engenharias, de medicina e economia têm o Asprela, um café de e-learning que se tem vindo a tornar o local de união dos vários alunos da Universidade do Porto. E levado para aquela zona estudantes de outras áreas. Em conjunto memorizam as matérias rodeados pelos post-its decorados pelos alunos de artes plásticas e design.
Um pouco por todo o país há universidades e escolas politécnicas, e as cidades estão a adaptar-se ao pulsar dos estudantes.
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