Pedalar por uma nova língua
Um estudo comprovou que fazer exercício físico enquanto se aprende uma segunda língua torna a aprendizagem mais fácil
Um estudo comprovou que fazer exercício físico enquanto se aprende uma segunda língua torna a aprendizagem mais fácil
Jornalista
Por cá o ditado diz que “burro velho não aprende línguas”, e quem já tentou aprender uma língua em idade adulta sabe a dificuldade. Contudo, surgiu um novo estudo que demonstra que a aprendizagem de uma segunda língua em adulto é facilitada se for feita durante o exercício físico.
Nos últimos anos vários estudos concluíram que ao exercitarem-se os músculos, também o cérebro fica mais em forma e com maior capacidade de memória. A explicação parece estar numa alteração biológica que ocorre no cérebro. E que, por isso, se torna mais maleável e recetivo a novas informações. Já no início da década se tinha chegado à conclusão de que os estudantes que mantinham atividades físicas tinham melhores resultados em exames.
O mais recente estudo que corrobora esta teoria é publicado pela Universidade de Zurique, na Public Library of Science, numa parceria ítalo-chinesa, e leva o exercício físico ao momento da aprendizagem. Depois de 40 universitários chineses a aprenderem inglês apenas terem atingido o nível iniciante, foram divididos em dois grupos. Um dos grupos aprendia inglês enquanto pedalava em bicicletas estáticas. Ao longo de dois meses os 40 alunos, cuja língua mãe era o mandarim, foram sujeitos a oito aulas de vocabulário inglês. E no fim de cada sessão os estudantes que pedalaram enquanto aprendiam tiveram melhores resultados que o grupo que aprendeu de forma tradicional.
Os ‘estudantes ciclistas’, depois de algum tempo, conseguiram também fazer melhor uso do vocabulário aprendido. Um mês depois do fim da experiência os estudantes voltaram a ser testados. E o grupo das bicicletas não só se lembrava de mais palavras como as utilizava de forma mais correta, e foi esta descoberta a maior vitória para os investigadores.
Ainda não se conseguiu perceber exatamente o que acontece dentro do cérebro para justificar estes resultados, mas parece comprovar que os benefícios do exercício se concentram na produção de neuroquímicos cerebrais que aumentam o número de células e as conexões entre os neurónios.
Para já, sabe-se que a premissa grega do corpo são em mente sã sempre esteve correta. Mas ainda há algumas pontas soltas. Resta saber se num tipo de aprendizagem mais intenso e mais trabalhoso haverá os mesmos resultados. E afinal qual a melhor altura para se fazer o exercício, se antes, durante ou depois das aulas? Uma das investigadoras italianas, Simone Sulpizo, lembra que estes resultados não são para cair em exageros, nem para montar bicicletas em todas as salas de aula. Mas, pelo menos, os alunos ficam a saber que podem estudar em casa de forma mais eficiente.
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