Porque é que o SIRESP deixa de funcionar?
As antenas do SIRESP deixam de comunicar umas com as outras se os cabos forem cortados ou derretidos
As antenas do SIRESP deixam de comunicar umas com as outras se os cabos forem cortados ou derretidos
O SIRESP foi desenhado como sistema de comunicação de emergência durante catástrofes, mas, por mais de uma vez, a rede exclusiva das forças de segurança e da proteção civil ficou inoperacional devido aos incêndios.
Porque é que este aparente contrassenso acontece? A resposta pode ser encontrada na arquitetura desta rede composta por 550 estações retransmissoras. Estas estações permitem a comunicação com os terminais de rádio de polícias, GNR e bombeiros, sem cabos e por via hertziana, garantindo a mobilidade dos operacionais do terreno.
Por outro lado, a comunicação com todas as outras estações retransmissoras e, por consequência, com outros operacionais ou postos de comando que podem encontrar-se a vários quilómetros de distância, é feita por cabos. E é nestes cabos que se encontra a razão para a rede do SIRESP ficar, consecutivamente, com a inoperacionalidade limitada, durante a época de incêndios.
Hoje, a rede de cabos do SIRESP chega a todos retransmissores dispersos pelo país através dos postes, condutas e demais infraestruturas da Meo (que faz parte do consórcio SIRESP). O que significa que estão sujeitos aos elementos – e às catástrofes – como a rede da operadora de telecomunicações está atualmente.
Resultado: não foram apenas os cabos da Meo – e da Nos e Vodafone – que arderam durante os fogos de Pedrógão Grande. Também os cabos da rede SIRESP, que usam as infraestruturas da Meo, foram sujeitos à fúria das chamas.
O retransmissor não perde a totalidade das funções, quando desligado da rede devido ao derretimento de cabos. Cada uma destas estações está preparada para comunicar por rádio com os terminais usados pelos operacionais num raio de alcance de cerca de 30 quilómetros (que depende do relevo). No caso de os cabos de energia também terem ficado derretidos, cada uma destas estações retransmissoras poderá ainda recorrer a baterias para funcionar durante seis horas. Em qualquer destes cenários, a estação retransmissora não consegue comunicar com a restante rede – e eventualmente com o posto de comando.
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