Segundo a revista Sábado de hoje, o Ministério Público detetou 127 levantamentos de dinheiro por parte de Carlos Santos Silva, num total de 993 mil euros, que foram realizados por solicitação de José Sócrates, a quem o dinheiro se destinava. Os levantamentos iniciaram-se em dezembro de 2010, era o político ainda primeiro-ministro.
Esta é um dos fios de uma meada que, segundo o Ministério Público, levou a que Santos Silva transferisse mais de 23 milhões de euros que tinha escondidos em contas na Suíça, e que alegadamente eram na verdade de Sócrates. Santos Silva seria pois, segundo a investigação, mero testa-de-ferro do político. Esse dinheiro de seria regularizado através do “perdão fiscal” RERT, que foi aprovado pelo governo de Sócrates.
São várias as entregas de dinheiro vivo realizadas pelo empresário a Sócrates´, num total de 1,17 milhões de euros. Além deste valor, o empresário comprou ainda casas à mãe de Sócrates por mais 750 mil euros.
Sócrates desmentiu, durante o interrogatório, todas as acusações.
O interrogatório, o terceiro a José Sócrates na investigação da Operação Marquês, foi realizado a 13 de março. São ao todo 103 páginas com indícios de crimes, que foram apresentados pelos procuradores Rosário Teixeira, Filipe Preces e Filipe Costa, bem como pelo inspetor das Finanças Paulo Silva. O antigo primeiro-ministro é apontado pela investigação como cérebro de uma estratégia para ocultar alegados recebimentos corruptos de três fontes: do Grupo Lena, do Grupo Espírito Santo e de Vale do Lobo.
José Sócrates falou durante cinco horas e meia, exaltando-se muitas vezes e chegando a levantar a voz e a ser agressivo com a equipa de investigadores defronte de si.
Sócrates é suspeito de seis crimes: corrupção passiva; fraude fiscal qualificada; branqueamento de capitais; tráfico de influência; falsificação e recebimento indevido de vantagem. Ou dito de outra forma: Sócrates é, respetivamente, suspeito de ter praticado seis comportamentos ilícitos: de intervir ilegalmente em negócios; de ocultar rendimentos através de testas-de-ferro; de apresentar falsas justificações para fundos ocultados através de terceiros; de utilizar a rede diplomática para influenciar negócios do Grupo Lena no estrangeiro; de forjar um contrato de arrendamento de um apartamento em Paris e informação nos documentos de adesão ao “perdão fiscal” RERT de 2010; e de fazer pagamentos de despesas de lazer em 2011.
Segundo a Sábado, o relatório do Ministério Público é impreciso quanto a montantes entregues a Sócrates, sendo preciso quanto às datas. As entregas eram feitas em envelopes de dinheiro, por vezes em quantias entre 10 mil e 100 mil euros. As entregas foram realizadas por exemplo em outubro, novembro e dezembro de 2013, diz o MP.
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