A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), em parceria com o Expresso e a SIC, lançou esta segunda feira o projeto Portugal Desigual, um site que reúne as principais conclusões do estudo "Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal: 2009-2014", coordenado pelo economista Carlos Farinha Rodrigues, especialista em matéria de desigualdade e pobreza.
O site é composto por quatro grandes perguntas, às quais são dadas respostas acompanhadas por vários gráficos com base em dados estatísticos de fontes nacionais e internacionais entre 2009 e 2014, analisados em detalhe.
O estudo vem desmentir dois "mitos", segundo Carlos Farinha Rodrigues. "Ouvimos dizer que as políticas durante a crise preservaram os mais pobres. Na minha opinião isso é uma meia verdade que esconde uma mentira por trás. Se virmos o que são as fontes de rendimento das famílias mais frágeis, percebemos que são dependentes de apoios sociais. E se em 2010 havia 400 mil beneficiários do rendimento social de inserção, em 2014 eram metade", sublinha o economista e coordenador do estudo, que falava na apresentação do projeto, esta segunda feira, no Clube de Jornalistas, em Lisboa.
O segundo mito, de que a classe média foi a mais afetada, fica então também desmentido pelo estudo, sublinha Farinha Rodrigues. Até o facto de "a classe média ter um acesso a comunicação social que os mais pobres não tem" contribuiu pra a disseminação desse mito.
O desemprego, um dos grandes problemas deste período, foi também referido por Farinha Rodrigues, lembrando ter havido um "crescimento das famílias completamente apartadas do mercado de trabalho". É esse afastamento que, em parte, também explica o "agravamento da pobreza".
O site conta com a apresentação dos conteúdos divididos em quatro grandes perguntas – Quem mais perdeu com a crise?, A crise foi pior em Portugal do que na Europa?, Quanto se ganha em Portugal? e Desigualdade e Pobreza são o mesmo? Cada tema conta com comentários de Carlos Farinha Rodrigues, reportagens da SIC e gráficos interativos.
O estudo será discutido na próxima sexta-feira, dia 23, numa conferência no ISEG, com a presença de Michael Förster, diretor do departamento de políticas sociais da OCDE.
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