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Dúvidas de Marcelo sobre barrigas de aluguer são “matéria de regulamentação”

Dúvidas de Marcelo sobre barrigas de aluguer são “matéria de regulamentação”
Ian Waldie / Getty Images

Eurico Reis, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, considera que as questões levantadas pelo Presidente sobre a lei das barrigas de aluguer ficarão respondidas nos contratos que serão assinados entre pais e gestante. O diploma, juntamente com o do alargamento da PMA e das 35 horas na Função Pública, está já em Belém

Dúvidas de Marcelo sobre barrigas de aluguer são “matéria de regulamentação”

Carolina Reis

Jornalista

Eurico Reis, presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA), entidade que regulará a gestação de substituição, defende que as questões levantadas pelo Presidente sobre a nova lei são respondidas nos contratos que gestante e casal de beneficiários assinam antes de decidirem avançar.

"É matéria de regulamentação. O facto do CNPMA ser mediador de todo o processo resolve todos os problemas", frisa o juiz desembargador sem se querer pronunciar sobre a forte probabilidade do veto presidencial.

Durante todo o processo, o casal e a gestante de substituição, que não terá qualquer ligação biológica com o bebé, chegará a um acordo de como será a gravidez e pode estabalecer também algum tipo de contato da criança com a gestante no futuro, como visitas. O contrato assinado entre as partes será feito caso a caso, após o acompanhamento do CNPMA, através de psicólogos, assistentes sociais e juristas. E nele ficam respondidas algumas dúvidas levantadas por Marcelo Rebelo de Sousa, como quem decide em que estão de IVG; ou o que acontece se a mulher que acolher o feto reclamar, após o parto, a posse do bébé.

"A lei define que a criança será sempre do casal. E também já estabelece em que condições pode ser feita uma IVG, mas isso pode ficar estabelecido previamente no contrato. As pessoas fartam-se de assinar contratos e de os cumprir." O magistrado reforça que esta não será uma decisão tomada de ânimo leve e que a gestante não poderá reclamar a maternidade da criança mesmo nos tribunais, já que não existe uma ligação biológica.

Os diplomas da gestação de substituição, do alargamento do acesso à PMA e das 25 horas de trabalho na Função Pública chegam hoje às mãos do Presidente, que tirou o dia para os ponderar. Neste momento, Marcelo Rebelo de Sousa pondera vetar lei das barrigas de aluguer, como o Expresso noticiou ontem à noite.

A lei da gestação de substituição, aprovada no Parlamento a 13 de maio com os votos de 24 deputados do PSD, incluindo Passos Coelho, destina-se apenas a mulheres sem útero ou com alguma lesão que as impeça de ter uma gravidez. Ou seja, é apenas para situações do doença. O projeto-lei foi apresentado pelo Bloco de Esquerda e discutido durante seis meses, juntamente com o alargamento de acesso a todas as mulheres à PMA, num grupo de trabalho. Há três anos, PS e PSD chegaram a um texto comum sobre esta matéria, porém os social-democratas retiraram à última hora o apoio à proposta.

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