"A troca automática de informações fiscais entre quase todos os países do mundo vai avançar em 2017 e 2018. A partir dessa altura será muito mais difícil ocultar fugas aos impostos ou fortunas ilícitas." Mas o Panamá e "um par de países no pacífico Sul" vão ser exceções.
Esta garantia é deixada por Álvaro Santos Pereira, diretor de Estudos dos Países Europeus do Departamento de Economia da OCDE, em entrevista ao “Diário de Notícias” esta sexta-feira. Para o ex-ministro da Economia e Emprego, o plano para futuro é simples: “tolerância zero à corrupção, ao compadrio entre o poder político e os grupos de interesse”.
Com a revelação dos “Panama Papers” e os privilégios de quem consegue movimentar o seu dinheiro através de offshores, a transparência fiscal tem estado no centro do debate mundial. “Tem de haver tolerância zero a quem utiliza deliberadamente mecanismos obscuros para não cumprir as suas obrigações fiscais. E este clamor público só irá ajudar a que a tolerância zero seja instituída por um grande número de países”, defende Álvaro Santos Pereira.
O atual diretor de Estudos dos Países Europeus da OCDE revelou ainda, na entrevista ao “DN”, que algumas estimativas sobre o prejuízo que a falta de transparência fiscal tem causado, apontam para valores “entre os 133 e os 213 mil milhões de euros em impostos não pagos em todo o mundo”. Ou seja, um montante que é superior ao PIB português. "Um valor verdadeiramente impressionante", sublinhou.
Para evitar este fenómeno, Santos Pereira defende que é preciso "melhorar a globalização, combatendo abusos e promovendo mecanismos para identificar e punir os que abusam do sistema", e "fomentar a cooperação internacional".
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